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Quarta, 07 Janeiro 2015 16:12

Renamo acusa Governo de movimentar militares e promover instabilidade em Moçambique

A Renamo acusou hoje o Governo moçambicano de estar a movimentar forças e a abrir novas posições militares em regiões onde tem concentrados os seus homens para desmilitarização, classificando a situação de "intimidatória e ameaça à estabilidade" do pais.

Em declarações á Lusa, Albano Bulaunde, delegado político da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em Sofala, disse que vários efetivos militares estão a ser movimentados e concentrados em Gorongosa, Chibabava e Maringuè, no centro de Moçambique.

As zonas, tradicionais bastiões militares e políticos do movimento, foram palco do récem-terminado conflito militar, que durou 17 meses, que opôs forças governamentais e o braço militar do maior partido da oposição. Também foram fixadas bases para a desmilitarização e efetivação dos homens armados nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e na Polícia, resultado do acordo de cessação das hostilidades.

"O raio militar foi estendido para o cruzamento de Casa Nova e Mangunde, onde se encontra atualmente o líder da Renamo (Afonso Dhlakama)", precisou Albano Bulaunde, assegurando que "há mais efetivos militares visíveis desde a validação dos resultados pelo Conselho Constitucional a 30 de dezembro".

O Conselho Constitucional moçambicano validou os resultados eleitorais, com algumas décimas de diferença da contagem da Comissão Nacional de Eleições (CNE), e proclamou vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e do seu candidato presidencial Filipe Nyusi, colocando a Renamo e o seu líder, Afonso Dhlakama, em segundo lugar e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e o seu presidente, Daviz Simango, em terceiro lugar.

A Renamo rejeita os resultados e insiste na ameaça de promover desobediência civil e manifestações violentas, sem recurso a guerra, caso a Frelimo rejeite a sua exigência de formação de um Governo de Gestão, como solução para a alegada fraude que ocorreu nas eleições gerais de 15 de outubro. O partido no poder reiterou que não vai "tolerar ameaças" a paz.

"Essa concentração de militares é uma tentativa clara de intimidar e calar a boca das pessoas que buscam justiça eleitoral e a Frelimo governar a força", explicou Albano Bulaunde, classificando de preocupante o "regresso á instabilidade".

Citado hoje pela imprensa moçambicana, Gabriel Muthisse, vice-chefe da delegação do Governo no diálogo político, considerou que o acordo assinado entre o Presidente cessante, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, não limita as FADM e ou Polícia a movimentar seus efetivos, tanto no centro, como em qualquer região de Moçambique.

"A nós, a Renamo, preocupa-nos mais ainda por sermos o interlocutor válido na manutenção da paz em Moçambique", precisou o responsável adiantando que "deixava de ser preocupação se os militares estivessem a ser movimentados para Maputo, onde há concentração de infraestruturas económicas e justificasse a defesa da soberania".

Entretanto, António Muchanga, porta-voz da Renamo, foi detido hoje pela Polícia moçambicana, pela segunda vez, indiciado de liderar uma marcha ilegal e incitação à violência. Em julho do ano passado, António Muchanga foi conduzido a cadeia à saída de uma sessão do Conselho de Estado, do qual é membro, convocada para lhe retirar a imunidade, por alegada incitação à violência.

LUSA

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