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Terça, 23 Julho 2019 16:15

Mr. Brexit: Boris Johnson é escolhido para ser o primeiro-ministro do Reino Unido

O ex-ministro de Relações Exteriores e ex-prefeito de Londres Boris Johnson foi escolhido por mais de 92 mil membros do Partido Conservador para ser o próximo primeiro-ministro do Reino Unido.

Ele recebeu quase o dobro de votos do rival Jeremy Hunt. Os dois disputaram o posto durante sete semanas de campanha. Em seu primeiro discurso como líder, prometeu concluir o Brexit até o prazo de 31 de outubro, a data limite para a saída do Reino Unido da União Europeia.

Segundo Johnson, o Partido Conservador precisará ter “a habilidade histórica para balancear instintos conflitantes –casar o desejo de manter uma relação de proximidade com a União Europeia com o desenho de autodeterminação democrática neste país”.

Ele disse ainda que vai unir o Reino Unido, derrotar os rivais do Partido Trabalhista e energizar a população.

Boris Johnson era o favorito para se tornar líder do Partido Conservador e, consequentemente, primeiro-ministro, desde que Theresa May anunciou que deixaria o cargo, em 24 de maio. Ele já tinha tentado disputar os mesmos postos em 2016, mas, após perder apoio, retirou sua candidatura.

May cedeu à pressão após meses de pedidos para que renunciasse devido ao fracasso nas negociações de seu projeto de Brexit – aprovado pela União Europeia – com o Parlamento britânico. O plano foi votado por três vezes e rejeitado em todas, mesmo com alterações e concessões.

Já desgastada, ela tinha prometido que renunciaria caso não conseguisse a aprovação antes da última votação, mas ainda assim permaneceu por mais dois meses no cargo e conseguiu arrancar da União Europeia mais uma prorrogação no prazo para a saída do Reino Unido do bloco – desta vez para 31 de outubro.
Johnson, que foi um dos chefes da campanha a favor do Brexit antes do referendo de 2016, chegou a votar a favor do projeto de May em março, mas depois se voltou contra o plano da então premiê.

O novo primeiro-ministro garante que a data de 31 de outubro será mantida, ainda que para isso seja necessário um Brexit “no deal” (sem acordo). No entanto, ele afirma que pretende conseguir uma nova negociação com a União Europeia – mesmo com o bloco já tendo dito diversas vezes que descarta retomar os diálogos com o Reino Unido.

Eleições

Para chegar à liderança do Partido Conservador – cargo que estava vago desde 7 de junho, quando May se retirou – e ao posto de primeiro-ministro, Boris Johnson enfrentou nove concorrentes: Jeremy Hunt, Michael Gove, Dominic Raab, Sajid Javid, Matt Hancock, Rory Stewart, Andrea Ledsom, Mark Harper e Esther McVey.

Em uma primeira rodada de votações, os três últimos foram eliminados por não obterem os votos de 16 deputados (5%) de seu partido. Na rodada seguinte, saíram os que não conseguiram 10% e a lista foi sendo reduzida até que sobraram apenas Johnson e Hunt, atual ministro das Relações Exteriores.

A votação então foi transferida para os cerca de 124 mil membros registrados do partido, que enviaram seus votos pelos Correios durante três semanas.

Efetivamente, 87% dos habilitados a votar o fizeram. É uma porcentagem alta, maior que a de outras escolhas de líder do Partido Conservador de 2001 e 2005.

Johnson obteve 66% dos votos, e Hunt, 34%.

Parabéns de Bolsonaro e Trump

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, parabenizou Johnson e disse que ele pode contar com o Brasil "na busca por livre comércio, na promoção da prosperidade para nossos povos, e na defesa da liberdade e da democracia".

Mais cedo, Donald Trump, havia saudado a escolha de Johnson como líder.

"Parabéns a Boris Johnson por se tornar o novo primeiro-ministro do Reino Unido. Ele será ótimo!", escreveu Trump em publicação em uma rede social logo após a eleição de Johnson.
Trump teve relações tensas com a primeira-ministra britânica de saída, Theresa May, apesar de ter sido recebido para uma visita de Estado.

Após o vazamento de mensagens do então embaixador britânico em Washington com críticas a Trump, os diálogos entre EUA e Reino Unido ficaram mais sensíveis. O enviado renunciou ao cargo após a revelação.

O presidente norte-americano elogiou várias vezes Johnson, um ex-prefeito de Londres e árduo defensor do Brexit que já foi comparado a Trump por sua abordagem combativa e não convencional.

Erro de Ivanka

Ivanka Trump, a filha do presidente dos EUA, também foi a uma rede social para comentar o assunto, mas errou a ortografia do nome do Reino Unido: ela parabenizou Johnson pelo cargo de líder de "United Kingston", e não "United Kingdom", como é em inglês. Posteriormente, ela corrigiu o erro.

Em junho, o pai dela se referiu ao príncipe Charles –cujo título de nobreza é o de príncipe de Gales– como "prince of Whales" (traduzido como príncipe das baleias; em inglês, o nome do país de Gales tem representação gráfica parecida com a da palavra baleia).

Líderes da UE dão boas vindas

A futura chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen congratulou e disse que espera uma boa relação de trabalho com Johnson.

O presidente da França, Emmanuel Macron, estava ao lado dela e afirmou que vai começar a negociar assim que possível com o inglês, e que o Brexit não é o único tema que norteia as relações dos dois países –há outros, como a situação no Irã.

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