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Terça, 15 Dezembro 2015 22:36

“Golpistas” de Luanda animam ativistas de Cabinda

A projeção do nome de Luaty Beirão é muitas vezes superior à dos de Marcos Mavungo ou Arão Tempo, ativistas de Cabinda. Mas o alcance do julgamento de Beirão e dos outros jovens acusados de “golpistas” contra o presidente José Eduardo dos Santos já chegou a Cabinda. Há comunicação entre os ativistas de Luanda cabindas, e a situação deixa estes últimos mais animados.

Num artigo para a revista African Arguments, a jornalista e analista sul-africana Helen Reid afirma que a atual “repressão” do governo contra ativistas políticos pode estar a unir os contestatários, que “estão a comunicar mais do que nunca” e dão sinais de convergência de objetivos.

“Acreditamos que as mudanças políticas em Angola através de forças progressivas podem abrir caminho a uma solução para o problema de Cabinda”, disse à revista o ativista Raul Tati. Se a questão de Cabinda é antiga, e envolveu ao longo dos anos a luta armada da FLEC, os problemas económicos em Angola vieram aumentar o tom dos protestos sociais. E o governo respondeu com “mão dura”.

Segundo o Africa Monitor Intelligence, vários comandantes da FLEC foram assassinados este ano na República do Congo. É corrente nos próprios meios do aparelho de segurança que as operações foram coordenadas por um oficial da Casa Militar, Henrique Futi, recentemente promovido a general e nomeado assessor do CEMGFA em Cabinda.

Os últimos ataques conhecidos da FLEC tiveram lugar em dezembro de 2014. Mas o governo tem acusado diversos ativistas de ligações à FLEC. Em outubro, Marcos Mavungo, da associação Mpalabanda, foi condenado a seis anos de prisão por planear uma manifestação.

Arão Tempo, presidente da Ordem dos Advogados de Cabinda, foi em novembro formalmente acusado de rebelião e de instigar a guerra civil, depois de ter sido detido ao tentar levar jornalistas a cobrir uma manifestação declarada ilegal.

“O único instrumento que o atual regime tem contra manifestações e liberdade de expressão é atualmente a repressão”, afirma Raul Tati. “Não podemos ainda falar de uma crise política, mas tem havido um endurecimento do regime”, adiantou à Africa Arguments o ativista, também ele detido pelo governo há alguns anos.

AM

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