A nova nota de 200 kwanzas (0,3 euros) é a primeira a entrar em circulação, hoje, e depois seguir-se-ão progressivamente as de 500 kwanzas (0,75 euros), 1.000 kwanzas (1,5 euros), 2.000 kwanzas (3 euros) e de 5.000 kwanzas (7,5 euros), até janeiro de 2021.
Azul, castanho, rosa, verde e lilás, do menor ao maior valor facial, são as cores que respetivamente predominam nas novas notas da “família do kwanza”, da Série 2020, cuja figura principal é a efígie do primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto.
Alteração dos preços dos produtos e agravamento das dificuldades socioeconómicas do país “já complicadas devido à covid-19” constituem receios dos cidadãos ouvidos hoje pela Lusa, em Luanda, que se dizem informados sobre a entrada do novo kwanza no mercado.
Isabel Viviana, funcionária pública, reprova a entrada em circulação do novo kwanza, considerando que o processo deverá “complicar a já difícil situação social e económica do país”.
“Não acho bom [a entrada do novo kwanza] e acho que ainda vai complicar a situação, porque estamos a passar uma fase muito difícil e nessa fase não seria nada bom trocar o nosso kwanza. Não há vantagens”, disse hoje à Lusa.
Para Viviana, o período pós-covid-19 “seria o ideal” para a circulação das novas notas, sem o rosto de José Eduardo dos Santos, ex-Presidente angolano.
Segundo Bonifácio Tinta, apesar de as autoridades justificarem que apenas o rosto de Agostinho Neto surja nas novas notas como “homenagem à sua figura”, a ausência da imagem de José Eduardo dos Santos constitui “surpresa” porque “era já uma figura habitual”.
O gestor dos recursos humanos considerou igualmente que a troca da moeda não surge num momento mais acertado, sobretudo por conta da covid-19, admitindo implicações nos preços dos produtos.
“Podemos ver que estamos num período em que a inflação é muito alta e essas novas notas podem de certa forma influenciar o mercado”, notou.
Nelson Paulino, moto-taxista, que disse já ter tido contacto com a nota de 200 kwanzas, manifestou-se surpreso com a cor e o tamanho da nota, feita de material de polímero (plástico), afirmando ter constatado algum receio quando pretendia trocar o dinheiro.
O jovem, que enalteceu a figura do Agostinho Neto, disse, no entanto, que a troca de moeda “não é prioridade nesta fase”, pedindo “a Deus” para que as mesmas “não inflacionem ainda mais os preços no mercado”.
“As coisas já estão complicadas, os preços, e com essas notas não sei como vai ser, só Deus”, referiu.
Receios sobre a subida dos preços também foram manifestados por Xavier Sapalo, que defende “melhor explicação” sobre a ausência de José Eduardo dos Santos no novo kwanza, cujo período para a sua introdução disse “não ser o ideal”.
“Penso que terá sim implicações nos preços, mas o Governo saberá quais são as suas perspetivas”, frisou o jovem desempregado.
Já o funcionário público Wilson Carvalho, que afirma ser “benéfico” para o país as novas notas do kwanza pela sua “durabilidade”, aplaudiu o afastamento da figura do anterior Presidente “porque só as lendas é que têm de existir no histórico do país”, argumentou.
Segundo o Banco Nacional de Angola (BNA), as novas notas do kwanza contêm elementos de segurança “inovadores que previnem a contrafação, têm maior durabilidade e apresentam níveis de menor desgaste e deterioração”.
Angola gastou cerca de 30 milhões de dólares (26 milhões de euros) na produção das novas notas do kwanza “Série 2020”, feita por duas empresas europeias e uma norte-americana.