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Terça, 14 Julho 2020 08:39

Fundo Soberano regista lucros de USD 234 milhões em 2019

O Fundo Soberano de Angola registou no exercício económico de 2019 um lucro de 234 milhões de dólares, resultado associado ao bom desempenho dos mercados financeiros internacionais onde tem investido mais de USD 1.789 milhões.

Nos referidos investimentos, o fundo registou ganhos potenciais, não realizados, dos instrumentos de dívida (obrigações) e instrumentos de capital (acções) no valor acumulado de 189 milhões de USD.

Numa nota de imprensa, divulgada hoje e que a Angop teve acesso, após um longo processo de apuramento e conclusão das demonstrações financeiras de 2017, 2018 e 2019, que estavam em atraso, por falta de informações adicionais, o Fundo informa que em 2019 tinha activos de 4.587 milhões de USD e capitais próprios de USD 3.669 milhões.

Ao contrário do último exercício em que registou ganhos, em 2018 o Fundo teve prejuízos no valor de USD 104 milhões, resultado do mau desempenho dos mercados financeiros internacionais onde o Fundo tinha investido mais de USD 1.431 milhões.

No exercício de 2018, o Fundo Soberano de Angola tinha activos de 4.540 milhões de USD e capitais próprios de USD 4.435 milhões de USD, que incluem o resultado líquido do exercício.

No exercício de 2017, o Fundo Soberano de Angola tinha activos de 4.652 milhões de USD e capitais próprios de 4.539 milhões de USD, que incluem o resultado líquido negativo de USD 384 milhões.

O documento explica que o prejuízo deste exercício deriva, essencialmente, da anulação das mais-valias potenciais reconhecidas no exercício de 2016, sobre activos avaliados naquela data, constituídos, essencialmente, pelas concessões do Estado Angolano para a construção e exploração do Porto do Caio, exploração de seis fazendas agrícolas e dos perímetros florestais num total de USD 435 milhões.

Fruto das mudanças operadas na administração do Fundo, os custos com a gestão dos investimentos líquidos passaram de USD 20 milhões em 2017 para USD 7 milhões em 2018. Os custos operacionais passaram de 68 milhões em 2017 para 32 milhões em 2018.

Os custos com a gestão dos investimentos líquidos foram de USD 4 milhões em 2019 e os custos operacionais somaram 15 milhões de USD, no mesmo período.

A nota justifica que a nova administração do Fundo ficou privada do acesso às informações relevantes sobre os investimentos alternativos, depois de cessar o contrato com o primeiro gestor (Quantum Global), o que condicionou a conclusão das demonstrações financeiras relativo aos exercícios de 2017, em tempo oportuno.

O Conselho de Administração terminou o contrato com o anterior gestor dos investimentos líquidos em Abril 2018 e contratou, mediante concurso público, a empresa internacional Investec Asset Management, actualmente denominada por Ninety One UK Limited, que em 31 de Dezembro de 2018 e 2019, geria 28% e 32%, respectivamente, dos activos do Fundo.

Todavia, o conselho de Administração decidiu concluir as demonstrações com as informações limitadas que possuía, tendo este facto, por si só, levado a escusa de opinião do Auditor Independente e do Conselho Fiscal, por se revelar materialmente relevante a inexistência de informações actualizadas sobre os investimentos alternativos, que representavam, naquela data, mais de 60% dos activos.

O resgate efectivo da carteira de investimentos resultou na transferência de recursos financeiros para as contas bancárias do Fundo Soberano de Angola no valor de 1.945 milhões de USD, instrumentos de dívidas (obrigações) avaliados em 67 milhões de USD e um conjunto de mais 65 veículos/empresas de investimentos cujo valor estava por ser apurado.

O Conselho de Administração, iniciou um processo de levantamento e avaliação dos veículos de investimentos referidos acima, tendo concluído em finais de 2019, que os mesmos valiam USD 745 milhões.

Após ter o controlo de todos os seus activos, o conselho de administração concluiu as demonstrações financeiras dos exercícios de 2017 (em Agosto de 2019), de 2018 (em Dezembro de 2019) e 2019 (em Julho de 2020), estando, assim, em condições de regularizar os atrasos na publicação das contas.

A par deste processo de restruturação, o Fundo Soberano de Angola, em colaboração com outros órgãos do Estado Angolano, iniciou em 2018 o processo de resgate do controlo dos activos na carteira alternativa de investimentos, avaliados em 3 mil milhões de USD, sob gestão externa, tendo sido concluído, apenas, em Março de 2019.

Contudo, o Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola confirma a descapitalização no valor de mil milhões de dólares para o financiamento do PIIM de acordo com o Decreto Presidencial n.º 222/19, de 18 de Julho, e a descapitalização adicional no valor total de 1.500 milhões de USD prevista no Decreto Presidencial 96/20, de 9 de Abril, da qual 1.375 milhões de USD já foram desembolsados.

Deste modo, o Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola dá por concluído o processo de reestruturação e resgate do controlo dos seus activos e reitera o compromisso de cumprir com a legislação angolana e com os Princípios de Santiago que versam sobre a transparência, passando à partir de agora, a publicar além das demonstrações financeiras anuais, as contas trimestrais.

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