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Quinta, 22 Novembro 2018 16:02

João Lourenço deixa resposta a Eduardo dos Santos para quando chegar a Luanda

O Presidente de Angola escusou-se hoje a comentar as críticas do antigo Presidente José Eduardo dos Santos e da empresária Isabel dos Santos, alegando que não vai "comentar assuntos de política interna enquanto durar a visita" a Portugal.

"Reservo-me o direito de não comentar questões de política interna enquanto durar a minha visita aqui a Portugal", respondeu o chefe de Estado angolano quando foi questionado, no final do encontro com o Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que decorreu ao final da manhã no Palácio de Belém, em Lisboa.

Na quarta-feira, o antigo Presidente de Angola José Eduardo dos Santos convocou os jornalistas para uma declaração sem direito a perguntas, na qual negou ter deixado a presidência com os cofres vazios e garantiu que deixou pelo menos 15 mil milhões de dólares ao executivo que lhe sucedeu, contrariamente às declarações do seu sucessor.

"Não deixei os cofres do Estado vazios. Em setembro de 2017, na passagem de testemunho, deixei 15 mil milhões de dólares no Banco Nacional de angola como reservas internacionais líquidas a cargo do um gestor que era o governador do BNA sob orientação do Governo", disse.

Numa declaração lida na sede da Fundação Eduardo dos Santos, em Luanda, o antigo Presidente angolano afirmou a necessidade de "prestar alguns esclarecimentos" sobre a forma como conduziu a coisa pública durante os 38 anos de Governo.

Num entrevista, no sábado, ao jornal português Expresso, João Lourenço disse que quando assumiu o poder encontrou os cofres vazios ou a serem esvaziados.

Segundo Eduardo dos Santos, o Orçamento Geral do Estado é aprovado pela Assembleia Nacional e todas as receitas e despesas do Estado devem estar obrigatoriamente inscritas.

"O OGE de 2017 tinha um défice de 6% e a cobertura desse défice era suportada com a venda de títulos do tesouro aos bancos comerciais, dívida que tinha de se pagar mais tarde com juros e o dinheiro depositado no tesouro", justificou Eduardo dos Santos.

Horas mais tarde, a sua filha e empresária, Isabel dos Santos, escrevia no Twitter que em Angola "a situação está a tornar-se cada vez mais tensa, com a possibilidade de se juntar à crise económica existente, uma crise política profunda".

Numa série de mensagens divulgadas durante o dia na rede Twitter, a empresária exemplificava: "greve nacional dos médicos com 90% de adesão, quebra do poder de compra em 170%, fome nas famílias apesar do petróleo em alta".

Para Isabel dos Santos, esta foi "uma entrevista sem precedentes", escreveu no Twitter, acrescentando: "Antigo Presidente angolano Eng. José Eduardo dos Santos, afirma que não deixou os 'cofres vazios' e novo OGE2018 foi feito pela equipa do Presidente João Lourenço. 15 mil milhões de dólares foi valor deixado em caixa. E 29 mil milhões foi receita 2018 da Sonangol".

João Lourenço sucedeu em setembro de 2017, após as eleições gerais de agosto, a José Eduardo dos Santos no cargo de Presidente da República de Angola, funções que desempenhou entre 1979 e 2017.

Em novembro de 2017, João Lourenço exonerou Isabel dos Santos da presidência do conselho de administração da petrolífera estatal angolana Sonangol.

João Lourenço apela à moralização da sociedade para combater "cancro" da corrupção

O Presidente de Angola, João Lourenço, apelou hoje à necessidade de moralização da sociedade angolana e reafirmou o seu empenho no combate à corrupção que classificou como "um cancro que corrói os alicerces da sociedade".

João Lourenço discursava no Parlamento após o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, numa sessão solene que teve início às 15:15 com os hinos nacionais dos dois países e perante as altas figuras do Estado.

O Presidente angolano afirmou que elegeu duas frentes de batalha para garantir o êxito do seu programa de governação: o combate à corrupção e a diversificação da economia.

João Lourenço considerou que este é o momento indicado para "enfrentar novos desafios", numa Angola que "vive há 16 anos consecutivos uma situação de paz efetiva, duradoura e irreversível" e que já deu início ao processo de reconstrução de infraestruturas.

O chefe do Estado adiantou que esta "nova Angola de transparência" encara Portugal como "um parceiro importante" face à "relação sólida e duradoura" que os dois países mantêm e que "precisa de ser reiterada e alimentada com gestos e atitudes de ambas as partes".

A anteceder João Lourenço, Ferro Rodrigues destacou no seu discurso "a singular amizade luso-angolana" pela sua profundidade e extensão" e afirmou que a "independência de Angola e o fim do colonialismo português puseram o nosso relacionamento numa base: a da igualdade e do respeito mútuo".

Assinalou também que falar do relacionamento luso-angolano "é falar do relacionamento entre as pessoas" e lembrou o "contributo relevante" para o progresso e desenvolvimento de Angola dos 135 mil portugueses que ali residem e trabalham.

Da mesma forma, os 17 mil angolanos que estudam e trabalham em Portugal "enriquecem o nosso tecido social e cultural", realçou Ferro Rodrigues que saudou por fim "a coragem e determinação" do Presidente João Lourenço "em afirmar em Angola um Estado democrático de direito.

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