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Quarta, 05 Fevereiro 2020 10:55

Trump diz que "anos de decadência terminaram". Pelosi rasga discurso

No discurso sobre o Estado da União, o presidente dos EUA enalteceu o que fez nos últimos anos e teceu várias críticas à administração de Barack Obama. No final, Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, rasgou a cópia do discurso do presidente, um "manifesto de falsidade", considerou a democrata que Trump recusou cumprimentar.

O presidente dos Estados Unidos afirmou, no seu terceiro discurso sobre o Estado da União e último do primeiro mandato, que "anos de decadência económica terminaram".

"Os anos de decadência económica terminaram. Os dias daqueles que usavam o nosso país, aproveitavam-se dele, estando até desacreditado junto de outras nações, ficaram para trás", declarou Donald Trump, na terça-feira à noite (madrugada desta quarta-feira em Lisboa), num discurso recheado de críticas à administração de Barack Obama (2009-2017), que não mencionou, e que deixou entusiasmados republicanos, mas não democratas.

Mal Trump acabou de falar sobre o Estado da União, a presidente da Câmara dos Representantes rasgou a cópia do discurso do presidente. Um "manifesto de inverdades", escreveu Nancy Pelosi no Twitter.

À saída do Congresso, onde decorreu a sessão, Pelosi disse a um jornalista que aquele era o gesto "mais cortês, em relação às alternativas".

A Casa Branca já lamentou que Pelosi tenha simbolicamente "rasgado" um veterano da Segunda Guerra Mundial, um bebé prematuro nascido às 21 semanas de gravidez, ou ainda a família de Kayla Mueller, morta pelos fundamentalistas do grupo extremista Estado Islâmico na Síria e outros convidados que se encontravam no Congresso e que Trump citou no discurso do Estado da Nação.

A tensão entre a líder dos democratas na Câmara dos Representantes - terceira figura do Estado americano, depois do presidente e vice-presidente - e Donald Trump era evidente desde o início quando Pelosi estendeu a mão para cumprimentar o chefe de Estado, mas este não correspondeu ao gesto.

Para Trump, se "as políticas económicas falidas do Governo anterior" não tivessem sido revertidas, "o mundo agora não estava a ver esse grande êxito económico", com criação de emprego, descida de impostos e de luta "por acordos comerciais justos e recíprocos".

"A nossa agenda é implacavelmente pró-trabalhadores, pró-família, pró-crescimento e, sobretudo, pró-Estados Unidos", sublinhou o chefe de Estado norte-americano, acrescentando ter dado início, há três anos, "ao grande regresso" do país.

"Ao contrário de muitos outros antes de mim, eu cumpro as minhas promessas"

"Inacreditavelmente, a taxa média de desemprego durante o meu Governo é menor do que durante qualquer outra administração na história do nosso país", afirmou Trump.

Sobre o comércio, um dos pilares da administração Trump, o Presidente dos Estados Unidos afirmou ter prometido aos cidadãos norte-americanos que ia impor "taxas alfandegárias à China para resolver o roubo maciço de empregos", proclamando: "A nossa estratégia funcionou".

Depois de quase 18 meses de "guerra" comercial, Trump assinou em dezembro uma trégua parcial com Pequim.

O presidente norte-americano falou ainda da substituição do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês), assinado com o México e o Canadá durante a presidência de Bill Clinton, pelo renegociado T-MEC.

"Muitos políticos vieram e foram com a promessa de mudar ou substituir o NAFTA, mas no fim não fizeram absolutamente nada.Ao contrário de muitos outros antes de mim, eu cumpro as minhas promessas", destacou.

Muro na fronteira com o México terá mais de 800 quilómetros construídos

No seu terceiro discurso anual do Estado da Nação, Trump anunciou que no início do próximo ano o muro na fronteira com o México terá mais de 800 quilómetros construídos.

Já foram concluídos mais de 165 quilómetros de muro e "haverá mais" 805 quilómetros construídos "no início do próximo ano", declarou Donald Trump sobre o projeto de combate à entrada de imigrantes ilegais pela fronteira sul dos Estados Unidos.

Por outro lado, o chefe de Estado norte-americano disse apoiar "as esperanças" de cubanos, nicaraguenses e venezuelanos "para restaurar a democracia" nos seus países.

Promete "esmagar a tirania" do regime de Nicolás Maduro

"À medida que restauramos a liderança dos Estados Unidos no mundo, continuamos a apoiar a liberdade no nosso hemisfério. É por isso que o meu governo revogou as políticas falidas da administração anterior sobre Cuba. Estamos a apoiar as esperanças de cubanos, nicaraguenses e venezuelanos para restaurar a democracia", sublinhou.

No mesmo discurso, Trump aproveitou para prestar homenagem ao líder opositor da Venezuela Juan Guaidó, presente no Capitólio, prometendo "esmagar a tirania" do regime de Nicolás Maduro.

"Maduro é um dirigente ilegítimo, um tirano que trata o seu povo com brutalidade. Mas o seu mandato de tirania será esmagado e destruído", declarou.

"Connosco na galeria está o presidente legítimo da Venezuela Juan Guaidó. Todos os norte-americanos estão unidos com o povo venezuelano na justa luta pela liberdade", declarou.

O trabalho mais ingrato: a resposta dos democratas

Este ano a resposta oficial do Partido Democrata ao discurso do Estado da União coube à governadora do Michigan Gretchen Whitmer. Um trabalho especialmente ingrato depois de um discurso pouco tradicional. "Os democratas estão a tentar melhorar os vossos cuidados de saúde. Os republicanos em Washington estão a tentar tirá-los", afirmou a governadora.

"Os trabalhadores americanos estão a sofrer. Os salários estagnaram, enquanto os ordenados dos CEO dispararam", afirmou Whitmer.

E tal como o presidente, a governadora não deixou de abordar o impeachment, que é hoje votado no Senado. "A verdade importa. Os factos importam. E ninguém devia estar acima da lei. Não é o que os senadores vão dizer que importa é o que eles fazem", afirmou.

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