O presidente do conselho de administração da TAAG, Peter Hill, admitiu esta quinta-feira, 12 de Maio, que ainda não será em 2016 que a transportadora aérea angolana pública inverte os resultados negativos, algo que só "espera" que aconteça num horizonte de três anos.
O administrador falava hoje a bordo do novo Boeing 777-300 ER Iona, durante um voo demonstrativo da aeronave, que vai reforçar as ligações entre Luanda e Portugal (Lisboa e Porto).
"A companhia já opera com resultados negativos há algum tempo, o nosso objectivo a três anos é, pelo menos, atingir o 'break-even' [gerar recursos para garantir a operação]. É um grande desafio", admitiu Peter Hill, questionado pela agência Lusa.
O Governo angolano e a Emirates Airlines assinaram em 2015 um contrato de gestão, prevendo a introdução de uma "gestão profissional de nível internacional" na TAAG, a melhoraria "substancial da qualidade do serviço prestado" e o saneamento financeiro da companhia angolana, que em 2014 registou prejuízos de 99 milhões de dólares (cerca de 87 milhões de euros).
Peter Hill foi indicado pela Emirates para administrar a companhia de bandeira angolana, tendo tomado posse no final do ano.
O britânico garante que colocar a TAAG a dar lucro é um objectivo: "Se vai acontecer? Eu e a minha equipa vamos fazer de tudo para que assim aconteça", afirmou.
Reconheceu ainda que a reputação da companhia "sempre foi sólida", sendo agora necessário fazer o "clique", melhorando o serviço prestado ao cliente, rentabilizando a operação.
"Queremos fazer da TAAG uma das melhores companhias aéreas em África, um dia", apontou.
Em Novembro passado, logo após tomar posse, o britânico Peter Hill reconheceu que a TAAG enfrenta "a maior crise financeira na sua longa e notável história", até mesmo com dificuldades em pagar salários, ao que se seguiu uma reestruturação interna.
No âmbito do Contrato de Gestão da transportadora pública angolana celebrado com a Emirates para o período entre 2015 e 2019, prevê-se dentro de cinco anos resultados operacionais positivos de 100 milhões de dólares.
Além de Peter Murray Hill, a Emirates indicou os administrados executivos Vipula Gunatilleca (área financeira e administrativa), Patrick Rotsaert (área comercial) e Donald Hunter (área das operações) da TAAG.
O ministro dos Transportes, Augusto Tomás, o objetivo de a TAAG ultrapassar os 3,3 milhões de passageiros transportados anualmente a partir de 2019, com o reforço das ligações internacionais, nomeadamente para a Europa, com a gestão da Emirates.
A formação de quadros angolanos no Dubai, na academia da Emirates, e a introdução de uma "gestão profissional de nível internacional" são objectivos deste contrato, que assenta na reestruturação financeira da TAAG, com a meta da facturação anual a passar de 700 milhões de dólares (628 milhões de euros) em 2014 para 2,3 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) dentro de cinco anos.
O novo conselho de administração é composto ainda por quatro elementos não-executivos, nomeados pelo Estado angolano.
TAAG recebe terceiro 777-300 em junho e reforça ligações a Portugal
O terceiro Boeing 777-300 ER encomendado pela transportadora aérea TAAG deverá chegar a Angola "antes do final de junho", disse hoje o administrador da companhia, que vai reforçar ligações para Portugal e estrear novas rotas para a Europa.
O contrato para a aquisição das três aeronaves do género foi assinado entre a TAAG e a Boeing a 27 de março de 2012, tendo a primeira destas entrado ao serviço em 2014.
A terceira, explicou Peter Hill, deverá chegar a Luanda ainda durante o mês de junho, depois de concluído o processo de financiamento, para garantir as ligações de Angola para a América do Sul a partir de julho.
"Ainda hoje tive uma reunião no Ministério das Finanças e com a Boeing. Até ao final de junho deveremos ter cá a aeronave, para entrar logo em operação", garantiu Peter Hill.
Estas aeronaves têm capacidade para transportar 225 passageiros em classe económica, 56 em executiva e 12 em primeira classe, possibilitando o acesso a telemóvel e internet a bordo.
A TAAG, empresa pública, foi autorizada a contrair um empréstimo de 261,6 milhões de dólares (230 milhões de euros) para adquirir estes dois aviões Boeing 777-300ER.
Com a chegada da terceira aeronave, a companhia passará a operar com oito 777 da construtora norte-americana, sendo o Iona, garante Peter Hill, o "melhor" a operar em África, devido à nova configuração utilizada, com mais espaço disponível para os passageiros nas diferentes classes.
O administrador britânico admitiu a companhia já estuda a estreia de novas rotas de Luanda para duas capitais europeias, além das ligações atuais para Portugal.
"No momento não temos planos, porque o mercado está em recessão. Mas esperamos começar no próximo ano para Paris e Londres", apontou.
A companhia assegura voos internacionais e rotas nacionais com recurso a cinco aviões Boeing 737 e seis 777 (200 e 300, acresce o novo Iona), estes para operar rotas internacionais também para Lisboa e Porto, além do Brasil e Cuba, entre outros destinos.
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