As declarações do presidente do Banco BIC, Fernando Teles foram registadas no encontro que reuniu em Portugal com diversos empresários.
"É ridícula a forma como as pessoas estão a tratar a situação do mês de janeiro em Angola", afirmou o presidente do banco. "Houve dificuldades, mas são ridículas as parangonas nos jornais a dizer que houve menos 39 milhões de euros a vir para Portugal", acrescentou.
Fernando Teles considera que, no contexto de um país que vende "500 a 600 milhões por semana", 39 milhões é uma verba insignificante. "Isso não é nada. É zero", defendeu.
Para o presidente do BIC, a leitura económica da situação deve ter em conta que "todos os anos, em janeiro, fevereiro e março não há divisas suficientes", na sequência de práticas económicas angolanas, como o "consumo desenfreado [de dezembro], da cultura dos cabazes, da distribuição de lucros", com as quais a economia do país se ressente nestes meses.
Na opinião do gestor, as dificuldades verificadas nas remessas terão contado "com a agravante" da situação motivada pela descida do preço do petróleo e também com o "pânico" dos portugueses após as férias. "Vieram para Portugal com dinheiro na carteira e quando chegaram lá (a Angola) ouviram dizer que o câmbio estava a desvalorizar, pelo que foram todos a correr para as casas de câmbio", explicou.
Fernando Teles criticou, no entanto, a exploração que esses estabelecimentos fizeram da situação, "isso não é política", defendeu, e realçou que essa postura não se replicou na banca.
"Não há razões para pânico", garantiu. "É preciso dialogar com os bancos e conversar com quem conhece a realidade do país, mas os primeiros meses do ano são sempre muito difíceis", acrescentou.
Ainda no contexto do conhecimento sobre a realidade do país, Fernando Teles recomendou aos empresários portugueses que invistam na diversificação da economia angolana, onde, "em grande parte dos setores de atividade, está tudo por fazer".
Além da produção agropecuária, o presidente do BIC recomendou também a aposta no fornecimento de equipamentos industriais para o setor petrolífero, que, "bastante acarinhado" por Angola, dá garantias de longevidade e facilidades de licenciamento, mas está a ser abastecido sobretudo por empresas norte-americanas, que lhe fornecem "biliões e biliões de dólares", concluiu.