Com as facturas das consultas e tratamentos médicos por pagar, e vários meses de diárias em pensões em dívida, centenas de doentes com junta médica em Portugal enfrentam ameaças de despejo e processos judiciais.
A situação, causada pelos atrasos nas transferências dos subsídios, que se encontram por regularizar há quase um ano, está a agravar o estado clínico de vários pacientes, sem meios para combater a doença.
Segundo os doentes ouvidos pelo Novo Jornal online, que falaram sob anonimato com receio de penalizações, os casos mais dramáticos envolvem os pacientes com transplantes e as crianças.
Além dos problemas clínicos, a Comissão de Apoio aos Doentes Angolanos em Portugal (CADAP) alerta para o risco de as mães dos menores "se encontrarem em dificuldades de sobrevivência e em vias de passarem a situação migratória ilegal".
O relatório das necessidades médicas foi entregue no final do mês passado a uma comissão especialmente enviada a Portugal pelo Ministro da Saúde - composta pelo presidente da Junta Nacional de Saúde, Augusto Lourenço, e um responsável do Ministério das Relações Exteriores -, mas, lamenta fonte da CADAP, após cinco dias de encontros não houve qualquer evolução no quadro.
De acordo com os pacientes, os problemas começaram com a mudança da liderança do sector da Saúde do Consulado de Angola em Portugal, ocorrida há cerca de um ano.
"Nota-se um grande desrespeito em relação aos doentes e falta de sensibilidade para resolver os problemas", acusa um dos doentes, reiterando o apelo da CADAP para uma intervenção urgente do Executivo.
O Novo Jornal pediu um esclarecimento ao Consulado de Angola em Portugal, mas ainda não obteve qualquer resposta.
NJ