O incidente, que começou por volta das 16h, foi confirmado ao Novo Jornal online pelo jornalista angolano Cândido Mendes, que acompanhava os repórteres.
Segundo descreve Cândido, a equipa de reportagem - integrada por Kevin Sieff, correspondente para a África Oriental e Austral do The Washington Post, e pela fotojornalista Nicole Sobeck, freelancer ao serviço do mesmo jornal -, não se deslocou ao Hospital dos Cajueiros a trabalho.
"Eles apenas queriam conhecer um bairro típico de Luanda. Por isso fomos ao Cazenga", conta o jornalista angolano, que se juntou aos repórteres como tradutor, tendo em conta a sua fluência no inglês.
Cândido, correspondente da agência Bloomberg em Angola, relata que a repercussão do surto de febre-amarela além-fronteiras, aliada à informação de que o Hospital dos Cajueiros tratou casos da epidemia, aguçaram a curiosidade dos jornalistas, que quiseram conhecer as instalações hospitalares.
"Entrámos apenas para ver, mas uma vez lá, a fotógrafa viu uma paciente no chão e não resistiu a tirar uma fotografia. Foi quando surgiram os seguranças e nos encaminharam para a unidade policial que existe no próprio hospital. Daí fomos conduzidos para a esquadra do Cazenga [18.ª]", prossegue o jornalista.
Já com os cartões de memória da máquina fotográfica confiscados, e após um interrogatório que se alongou por cerca de quatro horas, os jornalistas foram libertados e, sob escolta, conduzidos ao hotel onde ficaram hospedados.
Apesar não ter sido solicitada nenhuma autorização à direcção do hospital para realizar uma reportagem, porque isso não estava nos planos da visita, o MISA-Angola já veio a público contestar a reacção excessiva das autoridades.
"Perguntas como, "porque é que escolheram o Cazenga, a tanta distância das Ingombotas, em referência ao hotel onde se encontravam hospedados... ou há quanto tempo trabalhas com eles" foram feitas", assinala a organização de defesa da liberdade de imprensa, num comunicado enviado ao Novo Jornal.
"O MISA-Angola deplora o modo repetido como este género de incidentes passaram a ocorrer, nada abonatório para o país que se quer apresentar na arena regional e no mundo, como sendo um Estado Democrático, de constituição formal", lê-se na mensagem, assinada por Alexandre Solombe.
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