Neste momento as autoridades falam de uma fraude de 120 milhões de euros – em novembro falavam em 80 milhões. Pretendem que os imóveis sirvam de garantia em caso de condenação de Álvaro Sobrinho.
O ex-presidente do BESA (2002-2012), Álvaro Sobrinho, justificou em dezembro de 2014, no parlamento português, a falta de reembolso dos mais de três mil milhões de euros de crédito concedido pelo BES ao banco angolano com o incumprimento das empresas que beneficiaram do dinheiro.
Perante a comissão de inquérito da Assembleia da República ao BES, o gestor luso-angolano recusou qualquer responsabilidade no colapso do banco angolano.
A conversão do BESA em Banco Económico e as alterações nas participações chegaram a ser contestadas ainda no final de 2014 pela administração do BES. Em junho de 2015 avançou a fase final deste processo, com a introdução da nova imagem corporativa do banco, que passou a ser controlado maioritariamente, em 39,4%, pelo grupo petrolífero estatal Sonangol.
O BES português, que era então acionista maioritário do banco (55%) desapareceu da estrutura acionista, vendo a participação diluída no aumento de capital, o mesmo acontecendo com a sociedade Portmill, que perdeu a quota de 24%.
Já o Novo Banco, de Portugal, ficou, entre outras mais-valias potenciais, com uma participação de 9,72%, por conversão de 53,2 milhões de euros do anterior empréstimo do BES português, no valor de 3.300 milhões de euros à data da intervenção estatal.
A posição dominante foi assumida pela petrolífera estatal angolana, através da "empresa mãe", a Sonangol EP (16%), e das participadas Sonangol Vida SA (16%) e Sonangol Holding Lda (7,4%).
Nesta operação, segundo o relatório e contas de 2014, a petrolífera identifica um investimento nesta participação de pelo menos 16.848 milhões de kwanzas (90 milhões de euros, à taxa de câmbio atual).
Em termos individuais, o grupo Lektron Capital SA - sociedade associada a investidores chineses - passou a deter uma participação de 30,98% no capital da instituição. Segue-se a Geni Novas Tecnologias SA, associada a investidores angolanos, com uma quota de 19,9%.
António Paulo Kassoma tornou-se no primeiro presidente do conselho de administração do Banco Económico, enquanto Sanjay Bhasin preside à comissão executiva.
Ainda de acordo com a mesma fonte, o buraco do Besa foi transferido para a principal seguradora do Estado angolano, Ensa, mas vai ser assumido pelo Tesouro já que aquela entidade não tem capacidade financeira para o suportar.
Recorde-se que da lista dos devedores ao Besa, figuram, entre outras personalidades, o vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida, a irmã do Presidente angolano, Marta dos Santos, Eugénio Neto, antigo administrador da Escom e outras proeminentes personalidades do regime de Luanda.