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Sábado, 17 Outubro 2015 07:43

"Luaty Beirão morrer era uma perda para a democracia e para os direitos humanos"

Francisco Louçã falou sobre os ativistas que se encontram detidos em prisão preventiva em Angola.

No programa 'O Tabu de Francisco Louçã', na SIC Notícias, o ex-líder do Bloco de Esquerda fez alusão ao caso de Luaty Beirão, o ativista luso-angolano que se encontra há 26 dias em greve de fome.

O economista esteve em Luanda, encontrou-se com “família e apoiantes dos presos” e garante que a situação é “muito preocupante”.

“Todas as noites há uma vigília à porta de várias igrejas de Luanda, essas vigílias são dispersas pela polícia e, em alguns casos, as pessoas são detidas por algumas horas”, revelou Francisco Louçã.

O professor explicou que se trata de um “processo estranhíssimo”, em que um polícia infiltrado filmou uma reunião, onde se discutiam “ações e manifestações”, e o governo angolano “constatou que havia uma conspiração para um atentado ao presidente e para derrubar o governo”, o que levou à detenção dos ativistas.

“A situação terá de se decidir nos próximos dias e houve um sinal interessante de recuo do regime, que foi permitir que o Luaty Beirão saísse da prisão para ir para uma clínica privada, onde tem um melhor atendimento médico e pode ser visitado por outras pessoas. É um sinal de descompressão”, mostra o bloquista.

Louçã demonstra ainda que o ativista morrer “era uma enorme perda para Angola, para a democracia e para os direitos humanos”.

Bloco considera "vergonhosa" posição do Governo face a Luaty Beirão

A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, classificou sexta-feira como "vergonhosa" a posição do Governo português face ao caso do ativista angolano Luaty Beirão, há 26 dias em greve de fome.

Para a dirigente bloquista, é "vergonhosa a posição do Governo português de achar que está a defender algum interesse quando está a esconder o abuso, a prepotência, a existência de presos políticos".

"Não se defende ninguém quando se ataca os direitos humanos, seja onde for", frisou Catarina Martins, discursando perante apoiantes bloquistas na Casa do Alentejo, em Lisboa, tendo acrescentado que o BE tem estado "a falar sozinho sobre este assunto" e que "quem ficar calado é cúmplice do que está a acontecer".

Afirmando que a noite não terminaria sem se falar de Luaty Beirão, a porta-voz bloquista lembrou que o caso do ativista angolano em greve de fome desde 21 de setembro já foi discutido com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, assim como no grupo parlamentar do Bloco de Esquerda em Bruxelas, tendo vincado que, da sua parte, não cairá no esquecimento.

"Eu não sei quanto mais tempo Luaty Beirão irá aguentar, sei que a greve de fome dele é feita por todas as razões justas", frisou.

"O que está a acontecer vai marcar-nos, está a marcar Angola. E por isso, mesmo que alguém possa achar menos prudente que eu fale todos os dias de Luaty Beirão e do que está a acontecer em Angola eu vou continuar a fazê-lo seguramente", vincou Catarina Martins, arrancando uma salva de palmas dos presentes.

O 'rapper' e ativista angolano Luaty Beirão, em greve de fome desde 21 de setembro, foi transferido na quinta-feira de uma cadeia em Luanda para uma clínica privada, por "precaução", disse hoje à Lusa fonte dos serviços prisionais.

O ativista, de 33 anos, é um dos 15 detidos desde 20 de junho e acusados em setembro, pelo Ministério Público, de atos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano.

Sem adiantar mais pormenores, o responsável garantiu que Luaty Beirão "não está em risco de vida" e que o seu estado de saúde "continua estável", apesar de entrar hoje no 26.º dia de greve de fome.

Lusa

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