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Quarta, 15 Abril 2015 10:54

Falta de solução do Governo angolano para Cabinda origina repressão - ativista

Raúl Tati, igualmente ativista, falava hoje à agência Lusa à margem de uma conferência sobre direitos humanos, em Luanda, comentando as recentes detenções de ativistas angolanos naquele enclave, onde também reside, quando tentavam organizar manifestações de contestação.

Defendeu que o que está acontecer em Cabinda é o recrudescimento da repressão contra todas aquelas vozes sonantes e dissidentes do Memorando do Namibe , acordado em 2006, então colocando de parte a autonomia daquele enclave.

O que está a acontecer é que praticamente todas essas pessoas estão a ser perseguidas e são aquelas que não aderiram ao Memorando de Entendimento e o Governo de Angola tenta fazer um forcing para que os cabindas o aceitem como uma solução para o problema de Cabinda , referiu Raúl Tati.

A conferência sobre O Direito à Verdade e à Memória Coletiva como Direitos Humanos na Construção do Estado Democrático de Direito , organizada pela Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), decorre na capital angolana até quinta-feira.

Para o também professor universitário, a situação em Cabinda - um dos temas analisados neste fórum - decorre da necessidade de os serviços de segurança justificarem as elevadas verbas disponibilizadas pelo Governo para garantir a segurança naquela província, no norte de Angola.

Cabinda é uma questão estratégica para Angola, então metem muito dinheiro por questões de segurança e eles de tempos em tempo têm que inventar ameaças e têm de inventar vítimas para mostrar trabalho e de alguma maneira garantir as suas promoções, isso é que está a acontecer em Cabinda , explicou.

Não posso entender que um jovem civil, que trabalha honestamente para a Chevron [petrolífera norte-americana que opera no enclave], se lhe possa imputar crimes de terrorismo, que está a preparar explosivos para fazer explodir o aeroporto, isso não cabe na cabeça de ninguém, só pode ser daquelas invenções macabras , disse Raúl Tati em alusão à detenção do ativista dos direitos humanos Marcos Mavungo.

Marcos Mavungo e o presidente do Conselho Provincial de Cabinda da Ordem de Advogados de Angola, Arão Tempo, estão detidos desde 14 de março na sequência de uma tentativa de manifestação contra a má governação e violação dos direitos humanos na província.

No passado sábado, mais três pessoas foram detidas na sequência do anúncio da realização de uma manifestação - igualmente frustrada - para exigir a libertação de Marcos Mavungo e Arão Tempo.

LUSA

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