“Eu não seria capaz de dizer que estamos inseguros na totalidade, mas é verdade que o sentimento de insegurança que existe no nosso país vai crescendo todos os dias, essencialmente na capital do país”, afirmou, em declarações à Lusa.
Para este analista, o sentimento e suspeitas de insegurança dos cidadãos são confirmados com factos, como mortes, crimes violentos e saques, particularmente em zonas periféricas de Luanda, que registam mortes “todos os dias de forma violenta”.
“Então, isso implica que de alguma maneira a coisa não está como devia estar”, realçou na sua análise à segurança pública em Angola, na sequência do assassínio do professor e sociólogo angolano Laurindo Vieira, baleado na quinta-feira passada na via pública.
Pakisi disse existirem só em Luanda, capital angolana com perto de 10 milhões de habitantes, cerca de dois milhões de jovens desempregados, um cenário, que no seu entender, potencia práticas ilícitas.
O investigador entende que quando uma parte considerável dos jovens está desempregada e/ou no emprego informal, em consequência da pobreza, “são demasiados propensos à criminalidade”.
“E o problema não se resolve apenas com a polícia”, disse, realçando que existe em Angola um rácio de um polícia para 100 cidadãos, “que não é o desejável”, frisou.
“A grande verdade é que a grande criminalidade que temos no nosso país, e que aumenta todos os dias, está relacionada ao desemprego da juventude”, referiu.
O Serviço de Investigação Criminal (SIC) angolano apresentou, no domingo, um grupo de jovens suspeitos de terem baleado mortalmente o professor Laurindo Vieira, uma morte que continua a gerar comoção e repúdio da sociedade angolana.
Internautas, nas redes sociais, reagem com divergência à apresentação dos suspeitos, uns a enalteceram à prontidão policial e outros a não acreditarem que os suspeitos sejam os verdadeiros autores do crime.
Albino Pakisi, também filósofo e professor universitário, aplaudiu a “celeridade” do SIC em apresentar os suspeitos e afirma, no entanto, que as suspeições sobre os cidadãos agora apresentados resultam da “falta de confiança” dos cidadãos nas instituições do Estado.
“Então, isto leva a que mesmo quando o SIC faça um serviço sério e apurado as pessoas desconfiam, mas quero crer que aqueles sejam de facto os suspeitos e o SIC aqui está de parabéns pelo trabalho, sobretudo pela celeridade”, notou.
O analista considerou, por outro lado, que os angolanos por natureza não são violentos, porque, caso contrário, em face das atuais dificuldades socioeconómicas do país, “a criminalidade seria muito maior e com um nível de letalidade também”.
Defendeu ainda a necessidade do fomento do desporto, da dinamização das fábricas e incentivos ao emprego juvenil, particularmente no interior das províncias, para a diminuição dos índices criminais.
O Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional disse à Lusa, na semana passada, que a criminalidade na capital angolana “é estável”, apesar do sentimento de insegurança.