Sábado, 27 de Abril de 2024
Follow Us

Quarta, 04 Outubro 2023 21:59

PGR investiga esquema de corrupção no futebol angolano

O Petro de Luanda e a Académica do Lobito podem voltar às competições depois de um escândalo de corrupção. Analistas dizem que não se fez justiça e pedem à Procuradoria para agir. PGR confirma abertura de processo.

A Federação Angolana de Futebol (FAF) determinou, na segunda-feira (02.10), que o Petro de Luanda e a Académica do Lobito deverão continuar a exercer as suas atividades desportivas, mas devem pagar multas. O Kabuscorp do Palanca desceu de divisão e o seu presidente Bento Kangamba foi banido por quatro anos. A mesma sanção foi aplicada a Agostinho Tramagal, antigo treinador da Académica do Lobito.

Em causa estão denúncias de que Tramagal teria recebido dinheiro do Petro de Luanda e do Kabuscorp para viciar resultados de jogos.

O jurista angolano Agostinho Canando entende, no entanto, que o caso não pode ficar por aqui. Diz que, apesar dos pronunciamentos do conselho jurisdicional da FAF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve continuar a investigar as denúncias de corrupção, para que o processo seja levado a tribunal.

"Tudo isso envolve não apenas a questão futebolística como tal, mas também a questão jurídica, e é nestes moldes que afirmo que a Procuradoria-Geral da República devia continuar a investigar o caso", entende.

PGR chamada a cumprir o seu papel

Canando acrescenta que há denúncias que ficaram por esclarecer como, por exemplo, o suposto pagamento de árbitros ou a alegada corrupção de jogadores de equipas contrárias, para facilitarem os jogos.

Álvaro João, porta-voz da PGR, sem gravar entrevista, disse à DW África que a Procuradoria, junto do Serviço de Investigação Criminal, procedeu à abertura de um processo para investigar os atos de corrupção no futebol angolano.

O jurista Agostinho Canando insiste: É preciso investigar este caso, até para perceber o quão grave pode ser este problema.

"Primeiro, vai dar outra imagem do trabalho da própria PGR. Depois, facilitará que futuros escândalos de corrupção sejam descobertos e investigados, porque o modus operandi que a PGR irá utilizar para poder apurar a veracidade das denúncias, ou não, poderá ser usado ou até melhorado para as próximas denúncias."

"A FAF não deve agir com base em pressão extra"

Sobre a decisão da Federação Angolana de Futebol em si, o jornalista desportivo Jardel de Almeida Andrade considera que não foi feita justiça.

"A Federação Angolana de Futebol não deve agir com base em pressão extra. A política pressionou o organismo a mudar de direção. Isso pode colocar também em risco a idoneidade da entidade junto da FIFA, que proíbe de forma clara a ingerência da política nas decisões das federações", argumenta.

Depois da suspensão inicial dos clubes, o próprio Presidente da República, João Lourenço, disse que poderia ser necessário "castigar algum prevaricador". Ainda assim, isso não deveria pôr "em jogo a continuidade do campeonato e muito menos [matar] o futebol angolano".

Os pronunciamentos de João Lourenço poderão ter levado a Federação Angolana de Futebol a recuar na sua decisão, diz Jardel de Almeida Andrade: "Isso terá persuadido, sim, a FAF a tomar essa decisão, se calhar até precipitada. Porém, este recuo era esperado, segundo aquilo que se ouviu também nos média. Vários intervenientes, vários amantes, já esperavam tal recuo". DW Africa

Rate this item
(0 votes)