“Foi entregue na terça-feira um requerimento dirigido ao Serviço de Investigação Criminal e à Procuradoria-Geral da República pedindo uma autópsia independente”, disse à Lusa Zola Bambi.
Inocêncio de Matos, de 26 anos, morreu na sequência de confrontos em Luanda entre polícia e manifestantes, na semana passada, no dia da independência em Angola, havendo versões contraditórias quanto às causas da morte.
Um relatório do hospital Américo Boavida indica que o jovem foi submetido a uma intervenção cirúrgica e apontam como causa da morte uma agressão na cabeça com objeto contundente, não especificado.
Testemunhas que acompanhavam o estudante relatam que o jovem morreu no local depois de ser atingido por uma bala disparada pela polícia, que, no entanto, descarta quaisquer responsabilidades.
Zola Bambi, representante da família, já disse que vai processar o Estado e a polícia angolana, estando a efetuar diversas diligências, entre as quais o pedido de autópsia.
“O corpo tem as provas necessárias para que seja depois elaborado o laudo que vai sustentar o processo”, explicou.
O requerimento solicita que seja autorizada, num prazo de 24 horas, uma autópsia, que será acompanhada por um familiar, um advogado do escritório que representa a família, dois médicos e um fotógrafo.
Zola Bambi esteve hoje na morgue central de Luanda, acompanhado de familiares de Inocêncio de Matos, para fazer o reconhecimento do corpo.
Em 11 de novembro, milhares de jovens que queriam chegar ao centro de Luanda para participar numa manifestação foram travados pela polícia, com recurso a gás lacrimogéneo e canhões de água.
A polícia afirmou ter usado apenas meios não letais para dispersar os manifestantes.