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Sábado, 15 Agosto 2020 00:44

Morreu o músico angolano Carlos Burity

O músico e compositor angolano Carlos Burity morreu esta quarta-feira (12.08) em Luanda, aos 67 anos, vítima de doença prolongada, disse o diretor nacional da Cultura, Euclides da Lomba.

O cantor, de 67 anos, que se encontrava internado na Clínica Girassol, na capital angolana, foi, com Carlitos Vieira Dias e Bonga, um dos principais nomes do Novo Semba em Angola.

Iniciou a sua carreira no início dos anos 70 do século passado, e em 1974 gravou, com o Grupo Semba, uma seleção de temas angolanos que ficaram na história da música popular angolana.

Em 1983, Burity juntou-se ao "Canto Livre de Angola", um projeto do cantor brasileiro Martinho da Vila, que o levou ao Brasil com outros nomes importantes da música angolana e com quem integrou o agrupamento Semba Tropical, que viria a gravar um álbum de sucesso em Londres.

Depois de um longo período sem gravar, Burity ressurgiu com um êxito assinalável em 1991, com "Angolaritmo", lançando no ano seguinte o "Carolina", "Massemba", em 1996, "Uanga" em 1998, "Zuela ó Kidi", em 2002; "Paxiiami", em 2006, e mais recentemente, "Malalanza", em 2010.

Músico deixa legado no semba e novo álbum

Para o amigo e promotor Maló Jaime, Carlos Burity foi um dos maiores artistas do semba."Deixou um legado muito grande no semba. É um dos maiores artistas do semba em Angola", salientou Maló Jaime, que acompanhava a carreira do artista e promovia os seus espetáculos há vários anos.

Carlos Burity tinha terminado recentemente a gravação de um novo álbum que iria ser lançado este ano. "Estávamos a pensar depois da pandemia, tínhamos pensado lançar em novembro, mas agora vamos rever tudo", adiantou Maló Jaime, salientando que vai ser editado a título póstumo "para agrado da família e dos seus fãs".

O novo trabalho estava em fase de masterização em França e foi gravado em Portugal, sendo produzido por Emanuel Ferreira.

O músico angolano Paulo Flores também lamentou a perda do cantor. "Serás eterno, Carlos Burity. Agradeço profundamente todo o teu contributo para a construção da identidade que nos une. O teu Semba foi sempre a voz que me faz suportar o orgulho em ser angolano", escreveu Paulo Flores, também ele um dos cantores mais populares deste género musical, na sua conta de Instagram.

Cultura angolana de luto

Esta semana, Angola já tinha perdido outro ícone da música nacional. O cantor angolano Waldemar Bastos morreu na madrugada de segunda-feira (10.08), em Lisboa, vítima de cancro, com 66 anos.

Nascido na província de M'Banza Kongo, o cantor angolano, galardoado com o prémio de New Artist of the Year nos World Music Awards em 1999, estava em tratamentos oncológicos há um ano, informou o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola.

De acordo com testemunhos recolhidos pela DW em Lisboa, Wlademar Bastos, sempre crítico e frontal, era considerado um verdadeiro africano e um dos mais exímios representantes e defensores da música angolana, de acordo com os testemunhos recolhidos pela DW em Lisboa.

"Waldemar Bastos deixa um legado muito importante", afirma Luandino de Carvalho, adido cultural da Embaixada de Angola em Portugal. "Traduziu com muita qualidade a nossa angolanidade, a forma como traduzia nas músicas as emoções, os sentimentos, era de uma elevação muito atenta, muito profissional e com muita qualidade", destacou.

"É uma perda irreparável a morte de Waldemar Bastos", lamentou também o músico angolano Paulo Flores. "Uma notícia muito triste que nos apanha a todos desprevenidos", reagiu na altura.

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