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Quarta, 28 Mai 2014 21:16

REVUS diz-se vítima de agressões, roubos e vão apresentar queixa contra o comandante Lemos.

Acusações de violências físicas e roubos por parte da PIR (Polícia de Intervenção Rápida) são lançadas pelos jovens manifestantes, um dia depois da sua detenção. As vítimas anunciam que vão apresentar queixa em Tribunal.

Em Angola práticamente todos os partidos da oposição - Bloco Democrático, Casa-CE, UNITA e PRS - condenaram as detenções - ontem - terça-feira - de vários jovens ativistas que tinham convocado uma manifestação sob o lema "chega de chacinas em Angola".

Jovens manifestantes tratados de forma desumana

Recorde-se que mais de 20 jovens manifestantes foram detidos e depois tratados de forma desumana. Segundo se pode ler num comunicado do Bloco Democrático (BD), os jovens foram "atirados à rua, várias horas depois da detenção, a dezenas de quilometros de distância do local onde tinham sido inicialmente presos". Um dos jovens detidos, Pedrowski Teca, confirma.

“Fomos presos às 15 e libertados apenas às 20horas. Fomos levados para a unidade da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) e houve uma sessão de espancamentos. A polícia chegou ao ponto de nos fechar numa carrinha e atirar para dentro do veículo uma bomba com gás pimenta que ardia nos olhos e na pele. Foi simplesmente horrível."

Sem gravar entrevistas o comandante geral da Polícia Nacional, Comissário-chefe, Ambrósio Freire de Lemos e o comandante provincial de Luanda comissário António Maria Sita, afirmaram desconhecer qualquer acto de espancamento cometido contra os activistas.

Contudo, um destacado militante do Bloco Democrático e do Sindicato dos Professores disse ter sido espancado e fotos demonstram que foi agredido.

Em entrevista a uma rádio estrangeira, o Secretário Nacional Para Formação E Cultura do Bloco Democrático e responsável do Sinprof, Manuel de Victória Pereira disse que os detidos foram barbaramente espancados:

“Eu sabia de algumas prisões e procurava comunicar via SMS, quando a PIR agarrou em mim, meteu-me no carro e começou a espancar-me”, contou.

“Bateram-nos muito mesmo, foram me chamando de branco, mulato”, continuou.

PIR "neutralizou" manifestantes antes dos espancamentos

Para Pedrowski, a atuação dos elementos da Polícia de Intervenção Rápida, PIR, foi a maneira que encontraram para neutralizar os jovens para depois “nos baterem muito e nos transferir em seguida para um páteo. Trouxeram-nos de Luanda e fomos abandonados em Catete. Pelo caminho entre Luanda e Catete fomos obrigados a ficar com a cabeça para baixo, num calor infernal, enquanto nos pisavam e éramos bastonados. Pelo facto, vários jovens foram parar ao hospital”.

Os jovens, para além de serem espancados, terão também sido roubados. Segundo descreve Pedrowski Teca: "Tiraram-nos os cintos, os anéis e todo o dinheiro que tínhamos. Os telefones também, mas estes foram-nos devolvidos. Nem o nosso dinheiro nem os anéis foram-nos entregues.Os polícias da PIR apropriaram-se indevidamente dos nossos bens”.

Os jovens decidiram apresentar queixa no tribunal

A lista de detidos conta com vários representantes do denominado '"movimento revolucionário", que têm vindo a convocar manifestações, a maior parte delas reprimidas com mais ou menos violência, por parte da polícia angolana. Alguns dos nomes: Raul Mandela, António Camilo, Pedrowski Teca, Manuel Chivongue Nito Alves, Adolfo Campos, Emiliano Catombela, McLife Bunga, Agostinho Pensador e Abrão Cativa.

A DW tentou obter uma reação por parte da polícia nacional de Angola. Mas o porta-voz, não quis comentar o assunto. Os jovens - entretanto - prometem não desarmar. Adolfo Campos, outro membro do grupo, mostra-se determinado e afirma falar em nome da maior parte dos integrantes do movimento revolucionário: “Isso não vai parar por aqui porque simplesmente aumentou a nossa ira, a nossa fúria. Depois de nos espancarem tiveram ainda a coragem de lançar bombas de gás lacrimogéneo e trancaram-nos lá dentro. Querem mesmo matar os jovens”.

Os próximos passos estão agora a ser estudados pelos jovens. Tudo indica que o caso transitará para a justiça. Segundo Adolfo Campos, “vamos apresentar uma queixa contra o comandante geral da Polícia de Angola e o ministro do Interior, porque o que vem acontecendo é uma situação muito grave. Estamos num país completamente abandonado...o povo está totalmente abandonado. Nós temos pais, temos mães temos primos e temos gentes que seguem os nossos ideais. Se continuarem assim um dia vai haver uma rebelião”, acrescentou.

DW.DE/AO24

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