A Polícia Federal do Brasil indiciou hoje o ex-chefe de Estado por crime de corrupção passiva, por alegadamente ter usado a sua influência para favorecer o pagamento de um suborno ao seu sobrinho Taiguara Rodrigues em contratos firmados em Angola, segundo a imprensa brasileira.
A polícia suspeita de que Taiguara Rodrigues tenha recebido 20 milhões de reais (5,5 milhões de euros) no âmbito de um contrato da empresa Exergia (projetos de engenharia), da qual é sócio, com a empreiteira Odebrecht em Angola.
"A defesa do ex-Presidente irá analisar o documento da Polícia Federal, vazado [divulgado de forma não oficial] para a imprensa e divulgado com sensacionalismo antes do acesso da defesa, porque essa prática deixa claro que não são processos sérios de investigação", lê-se na página do ex-Presidente na rede social Facebook.
Para Luiz Inácio Lula da Silva, tal mostra que se trata de "uma campanha de massacre mediático para produzir manchetes na imprensa e tentar destruir a imagem do ex-Presidente mais popular da história do país".
No texto, lê-se ainda que o ex-chefe de Estado "tem a sua vida investigada há 40 anos, teve todas as suas contas e dos seus familiares devassadas, o seu sigilo bancário, fiscal e telefónico quebrado e não foi encontrada nenhuma irregularidade".
"Lula não ocupa mais nenhum cargo público desde 01 de janeiro de 2011 e sempre agiu dentro da lei antes, durante e depois de ocupar dois mandatos eleitos como Presidente da República", segundo o comunicado.
Além deste novo indiciamento, Lula da Silva é arguido em dois processos no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga o maior esquema de corrupção da história do país, envolvendo várias empresas, sobretudo a Petrobras, e dezenas de políticos.
O político, que governou de 2003 a 2010, responde por supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e tentativas de obstruir a Operação Lava Jato.
Foi inclusive descrito por procuradores como o "grande general" dos crimes investigados na Petrobras.
Lula da Silva tem insistido que está a ser vítima de perseguição política, numa altura que o político equaciona candidatar-se nas presidenciais de 2018.
Lusa