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Sexta, 05 Agosto 2016 08:19

Chivukuvuku critica “falta de visão” de JES em entrevista à BBC - Video

“Sou rico. Posso sustentar a minha família sem restrições“ Abel Chivukuvuku

Abel Chivukuvuku deu terça-feira uma entrevista ao programa “Focus on Africa”, da BBC, em que fala das ambições da CASA-CE para vencer as eleições de 2017, de alternativas para o desenvolvimento da economia e critica o presidente José Eduardo dos Santos por “falta de visão”.

Questionado por Hassan Arouni sobre as suas qualificações para governar, o líder da CASA-CE diz que quer “servir” o seu país “e especialmente dar aos cidadãos angolanos uma oportunidade de viver uma vida decente”.

E sobre os seis por cento que a CASA-CE conseguiu nas eleições de 2012, acredita que quatro anos depois o quadro é diferente.

“Criamos a organização quatro meses antes das eleições e mesmo assim tivemos sucesso ao conseguir os seis por cento num contexto em que a transparência era questionável. Agora temos quatro anos a construir a organização e fizemos uma estratégia: primeiro crescer, segundo transformar, porque somos uma aliança e queremos transformar a organização num partido político e faremos isso em Setembro. Em quatro meses não conseguimos colocar a máquina em todo o território agora a temos bem implementada”, garante.

Como antigo membro da UNITA, acredita que a corrida nas eleições “não é fácil”. “Sou realista, sei que eles são fortes, têm acesso, estão no governo há 14 anos, usam os aparatos do Estado, mas também sei que eles têm grandes fraquezas. O presidente não tem mais agenda, não tem mais visão, e até perdeu a confiança do seu próprio povo, é por isso que nomeia o seu filho e filha para cargos” públicos.

Culpa ainda o presidente José Eduardo dos Santos por “falta de visão” para diversificar a economia. “Isso é que é lamentável e foi falta de visão de Dos Santos”, afirma Chivukuvuku sobre a crise actual. “Enquanto estávamos naqueles bons anos, era a altura de diversificar a economia. Esqueceram-se que Angola tem enormes quantidades de terra arável, que temos muitos rios – [para energia] hidroeléctrica, irrigação -, esqueceram-se que além dos diamantes temos outros recursos minerais, muitos recursos”.

A entrevista foi disponibilizada no site da BBC numa versão editada, mas também foi transmitida em directo no Facebook. Nos vídeos publicados naquela rede social, Chivukuvuku refere que “não temos apenas uma crise no sector económico, temos uma crise política porque neste momento temos um regime autoritário que tem sido mau há mais de 40 anos, número um. Número dois, a crise económica não é só uma consequência da queda dos preços do petróleo, isso é também um factor, mas fundamentalmente o problema é a má gestão, corrupção e roubo, esses são os problemas reais. E a falta de visão, falta de interesse em realizar os sonhos dos cidadãos, esses são os maiores problemas. É por isso que precisamos mudar a cultura da governação”.

Como alternativa, o líder político acredita que os angolanos precisam de “oportunidades”. “É preciso dar aos cidadãos um bom sistema de saúde, boa educação, empregos com salários justos e habitação. Todas essas coisas para que as pessoas pensem que têm uma vida digna”.

E caso seja questionado sobre a sua transparência, Chivukuvuku responde: “Sou rico. Posso sustentar a minha família sem restrições. O que fiz foi só visão. Quando as pessoas não se importavam com a terra, importei-me [..] As pessoas estavam interessadas em outras coisas, veículos… Eu não. E hoje sou rico, posso servir sem a necessidade. Posso dedicar-me a mudar a cultura de governação”.

RA

Ouça a entrevista de Abel Chivukuvuku abaixo

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