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Terça, 19 Novembro 2013 16:48

Saída do PR deve ser analisada por todos os angolanos

O antigo chefe da bancada parlamentar da FNLA, Ngola Kabangu, advogou que "chegou a hora de passar o testemunho", numa reacção à entrevista do Presidente da República à TVBand.

"O engenheiro José Eduardo dos Santos não é só presidente dos militantes do MPLA, ele é o Presidente da República de Angola. A sua retirada do poder deve ser analisada e debatida por todas as forças políticas e a sociedade civil", defendeu.

Para Kabangu, o referido debate "não pode eternizar-se e tudo deve ser feito no sentido de se assegurar a estabilidade e a unidade do país". "Todos nós temos uma palavra a dizer. Esse assunto é tão importante para a Nação, que não podemos deixar, nem permitir que o MPLA decida sozinho. O assunto é de todos os angolanos, de Cabinda ao Cunene", concluiu.

O antigo secretário-geral do MPLA Marcolino Moco afirmou que "José Eduardo dos Santos está a arrastar-se demasiado no poder e devia entender que hoje as habilidades políticas têm limites". "Não vou falar do tempo do partido único, que terminou em 1992.

Mas até 2002, mesmo com manobras políticas com que em boa parte não poderia concordar, ele tinha conduzido razoavelmente bem as coisas", estimou. Para o docente universitário, "o próximo candidato do MPLA já não seria ele. Se não fosse apenas um truque abusivo, tudo hoje estaria bem encaminhado". "Hoje, só os brasileiros que o ouviram de longe é que não saberão que quando o Presidente Santos diz que está a ensaiar vários cenários no partido, isso significa que ele está a ensaiar sozinho", acrescentou, salientando que "todos sabem que quando o Presidente toma as suas decisões é para aprovar e ponto final".

"Alguém até pode dizer uma gracinha levantando algum problema. Mas, será ingénuo se pensar que não levará uma represaliazinha para aprender", acrescentou.

De acordo com Marcolino Moco, "até no Tribunal Constitucional a maioria dos Conselheiros que agora, graças a Deus, vai diminuindo devido aos exageros, sabe que a independência dos juízes é no papel, porque na vida real quem manda, manda, e quem não manda, cumpre".

"Veja-se o problema da imagem do Estado angolano a nível interno e internacional, que o Presidente só consegue repor, por enquanto, com a tortura, o desaparecimento de manifestantes e prisões políticas, até de menores de idade, e com ameaças ou chantagem a parceiros económicos e comerciais, como a França, ontem, e hoje, Portugal? Amanhã poderá ser o Brasil. Acompanhemos o caso «Kangamba»", concluiu.

O analista político Luvualu de Carvalho considerou que o Presidente José Eduardo dos Santos deu uma resposta realista e franca sobre porque continua no poder. "Acredito que, com esta entrevista, as especulações sobre a sucessão presidencial poderão terminar de uma vez por todas, pois o Presidente demonstrou que o assunto está a ser tratado e Angola é um país normal como todos os outros do mundo moderno e democrático", frisou.

Adiantou que Angola, com o partido do MPLA no poder e o Presidente José Eduardo dos Santos na presidência foi um dos primeiros países de orientação socialista que rapidamente adoptou o multipartidarismo. "Mesmo depois de ganhar a guerra contra a invasão das forças sul- -africanas aliadas à UNITA e a outros grupos que tentavam marchar rumo a Luanda (sendo travados pelas FAPLA na heróica batalha do Kuito Kuanavale), o Presidente José Eduardo dos Santos conseguiu, através dos Acordos de Nova Iorque, a independência da Namíbia, negociou o regresso das forças cubanas ao seu país e também a libertação de Nelson Mandela e o fim do regime do Apartheid", destacou.

Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, afirmou que a permanência de José Eduardo dos Santos no poder tem dificultado a democratização de Angola.

A UNITA não aceita os argumentos e as justificações do Presidente angolano para estar há tanto tempo no poder. "Nós pensamos que ele continua a ser o factor que desestabiliza todas as transformações que Angola podia conhecer no quadro do processo de democratização. Ele terá na sua mente uma estratégia em relação à sucessão, mas nós pensamos que só processos eleitorais transparentes permitem de facto a alternância", afirmou.

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