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Segunda, 05 Janeiro 2015 20:13

Vítimas de massacre governamental de 1993 homenageadas pela primeira vez

Centenas de pessoas foram mortas no Namibe em Janeiro de 1993 Centenas de pessoas foram mortas no Namibe em Janeiro de 1993

Pela primeira vez foi feita uma homenagem pública a centenas, senão milhares, de pessoas mortas pelas autoridades governamentais por ocasião onda de repressão que se seguiu às eleições de 1992 quando o país caminhava de novo para a guerra.

A 5 de Janeiro de 1993, mais de 600 cidadãos foram assassinados na província do Namibe, sendo que mais de 250 pessoas na cidade do Namibe e outras 360 na cidade piscatória de Tombwa por asfixia, num contentor.

Desde aquela data, as famílias das vítimas nunca puderam chorar e realizar o óbito de seus ente-queridos por ameaças das armas.

Agora, pela primeira vez, as vítimas da referida chacina foram publicamente homenageadas nas respectivas valas comuns onde jazem os seus restos mortais.

O acto foi dirigido pelo secretário provincial da Unita no Namibe Ricardo Ekupa de Noé Tuyula, acompanhado por membros da direcção, militantes, simpatizantes, amigos do partido, familiares das vítimas e de alguns membros da sociedade civil. O evento decorreu sem sobressaltos no cemitério Municipal do Calumbilo, sob a protecção da polícia.

As mulheres entoaram cânticos mas também choraram pela alma dos entes queridos, cuja vida foi amputada prematuramente pelo simples factos de falarem e pensarem diferente.

Ricardo de Noé Tuyula disse  que o dia 5 de Janeiro é um marco histórico na provincia do Namibe e não só, que jamais será esquecido por gerações vindouras a julgar pela dimensão humana  em que cerca de 600 pessoas foram sacrificadas inocentemente.

Para o político da Unita, os massacres são uma das estratégias antigas utilizada pelo regime com o propósito de intimidar e ao mesmo tempo humilhar os angolanos que reclamam a “liberdade e o respeito pela pessoa humana”.

Tuyula rebuscou outros exemplos do passado recente, com realce para o 27 de Maio de 1977, em que, segundo o dirigente do partido do galo negro, o MPLA dizimou “mais de 40 mil pessoas entre militantes activos do seu próprio partido”.

Tuyula referiu-se também ao que denominou de “genocídio tribal de Luanda”, que culminou com o assassinato do vice-presidente da Unita, Jeremias Calandundula Tchitunda, Salupeto Pena, o secretário-geral Mango Alicerces, Chimbili e outros, assim como a celebre sexta-feira sangrenta

No local,  várias pessoas prestaram o seu testemunho, falando o que viram e sentiram no pretérito 5 de Janeiro de 1993, tanto na cidade do Namibe,  como no município piscatório do Tombwa. Alegaram que pela dimensão das vidas humanas perecidas, a data não pode passar de forma despercebida, impondo-se a necessidade de se institucionalizar o 5 de Janeiro como “dia dos mártires da repressão marxista em Angola”.

A actividade estendeu-se aos dois cemitérios do Calumbilo na cidade do Namibe e do Tombwa, respectivamente. O programa previa também  o culto pelas almas dos defuntos na paróquia de Santo Adirão, embora esta acção de graças tenha sido contestada pelo partido no poder e o Executivo da província do Namibe.

Voanews

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