Em Angola, a faixa etária dos jovens varia dos 14 aos 35 anos, mas, no executivo (de proximidade) de João Lourenço, não se encontram indivíduos nessa faixa em posições relevantes.
Adão de Almeida. O actual ministro de Estado e chefe da Casa Civil de João Lourenço tem feito uma trajectória política muito discreta e distinta. Tem experiência de governação, pertence, é aceite e bem apreciado nas diferentes estruturas do MPLA. Tem passagem pela academia (Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto) com um registo notável, tem uma imagem associada à competência, inteligência, simplicidade. Facilmente reuniria consenso de figuras como Carlos Feijó, Pitra Neto, Virgílio de Fontes Pereira 'Gigi', Bornito de Sousa, Carlos Teixeira, Raul Araújo, José Octávio Serra Van- Dúnem e de outras altas figuras com respeito e cunho académico no MPLA. Ju Martins e o parente Roberto de Almeida também lhe dão suporte e garantia. Tem presença e uma postura de elevação e de nível. Éopri meiro na lista desta nova geração que o actual poder aposta e conta para o futuro, Se, realmente, a posta de João Lourenço para a sua sucessão for na juventude, Adão de Almeida é o primeiro da lista e o mais capacitado para tal.
José de Lima Massano. O ministro de Estado para a Coordenação Económica (ME- CE) - o tal que chegou ao cargo com uma folha de serviços notáveis resultantes do trabalho realizado durante o período em que esteve à frente do Banco Nacional de Angola (BNA) é o mais importante e poderoso ministro de Estado e surge nesta lista de jovens que João Lourenço tem na cartola. É sobrinho do general João Pereira Massano, chefe do SISM (Serviço de Inteligência e Segurança Militar), irmão de Eduarda Rodrigues, a mulher que, desde 2018, dirige o Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA) da Procuradoria -Geral da República, irmão do jurista, docente universitário e secretário de Estado para a Indústria (que ele próprio indicou e nomeou), Carlos Rodrigues. Não tem experiência partidária nem aceitação nas mais importantes estruturas do MPLA. Tem também o défice em termos de relações humanas e de sociabilização, tendo uma relação de corte e de ruptura com muitos dos seus ministros como Vera Daves dos Santos (Finanças), Ricardo Viegas D'Abreu (Transportes), João Baptista Borges (Energia e Águas) e Diamantino de Azevedo (Petróleos e Recursos Minerais). Falta-lhe algum tacto, objectividade e humildade na relação com a imprensa e com o corpo diplomático. Vem da banca comercial e é tido como 'parte interessada' nalguns projectos no sector, para além de algumas 'guerras surdas' com gestores da banca comercial. Apesar de certa experiência e suporte familiar, o nosso "Messi" ainda tem de ganhar terreno e aprender a driblar muitos defeitos.
Manuel Homem. A dinâmica de participação dos cidadãos, de assumirem uma relação de compromisso com os cidadãos e com as instituições é uma estratégia que João Lourenço tem passado e que Manuel Homem pretende consolidar. É o governa dor de Luanda, tem uma uma governação presente, inclusiva, participativa e sus tentável. Tem tido muitas dificuldades e resistências na liderança e gestão do MPLA em Luanda. Tem o apreço e confiança de João Lourenço, mas existem muitas 'forças de bloqueio' no MPLA contra a sua liderança, exposição e protagonismo. É obediente, disciplinado e leal ao camarada Presidente, mas isso não lhe dá supor te, garantias ou background para ter o 'atrevimento' de avançar para o cargo de Presidente da República de Angola, que é muita 'areia para o seu camião'. Manuel Homem é um jovem para estar aí em prontidão, mas não é o homem para se sentar no cadeirão da Cidade Alta.
Edeltrudes Costa -' O Kopelipa' dos novos tempos. É o verdadeiro 'filtro antes de qualquer aproximação ou abordagem ao Presidente João Lourenço. Nunca um director de gabinete de um PR em Angola teve tanto poder como ele, na Cidade Alta. Todos sabem que, depois de João Lourenço, ele é quem manda. Não hesita em mostrar que tem poder de facto. Não está no cargo para ser um organizador de agendas ou facilitador de audiências. É o fiel depositário dos principais segredos de Estado, está sempre presente e tudo controla. Tem uma ideia e visão sobre o poder. Ele personifica o poder que vem logo a seguir a João Lourenço. É poderoso e sabe de mais para ser deixado de parte ou de lado. Faz parte de uma estratégia do PR para um modelo de governação alternativa, inspirado no modelo Putin-Medvedev, ou seja, movimentam-se as peças, mas fica tudo na mesma.
Ricardo Viegas D'Abreu. O homem que recebeu de João Lourenço a missão de reestruturar, inovar, impulsionar e revolucionar o sector dos transportes em Angola tem procurado cumprir com zelo esta mis- são. Corredor do Lobito e o Novo Aeroporto Internacional de Luanda são dois projectos que o colocam na linha e em permanente contacto com dois 'players' e parceiros importantes para Angola, os EUA e a China. Os portos, aeroportos e a TAAG são dossiers que domina e lhe dão certo protagonismo. Os transportes ferroviário e rodoviário são outras áreas que merecem maior apoio e intervenção. O caso 'Machimbombo Gate criou-lhe alguns constrangimentos em termos de lisura, transparência e da sua própria imagem enquanto gestor público. É focado, organizado, zeloso e dedicado. Tem suporte e apoio no seio das 'famílias' e é um dos 'cavalos' que Ana Dias Lourenço apoiará numa eventual corrida presidencial. É uma das suas reservas estratégicas, extensão e representação do seu poder no Executivo. Caso para dizer que "quem se dá bem com a mulher do Chefe, sempre fica bem aos olhos do Chefe".
Esses dados revelam que, apesar da presença de aparentemente jovens, os idosos ainda tem grande peso no governo. O Presidente tem hoje 70 anos, e a vice-presidente Esperança da Costa, de 63, pode se entender que a juventude ainda não ocupa os cargos mais altos.
A comparação com a ascensão de José Eduardo dos Santos, que assumiu a liderança com apenas 37 anos já não faz sentido. Lembrando que antes mesmo, José Eduardo dos Santos já tinha ocupado os cargos de Ministro das Relações Exteriores (1975-1976). Ministro do Planeamento (1976-1978) e Vice-Primeiro-Ministro (1978-1979).
No entanto, figuras como Márcio de Jesus Lopes Daniel, o novo Ministro do Turismo, de 39 anos, e Pedro Fiete Correia Raimundo, de 38 anos, não podem representar uma aposta na juventude.
Lamentavelmente, o discurso do Presidente da República, João Lourenço, neste capítulo carece de coerência lógica, pois não está associada a prática.
No seu discurso partidário de 26 de Agosto, João Lourenço sinalizou o desejo de escolher um sucessor mais jovem para a presidência, o que, segundo analistas, pode indicar uma preferência por figuras mais maleáveis. Isso sugere a possibilidade de uma bicefalia no MPLA, com João Lourenço mantendo influência significativa sobre o governo, mesmo após a escolha de um novo Presidente da República. C/Decreto