Na entrevista, o estadista angolano confirmou a provável compra de armas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Nato) em substituição da técnica militar russa e reiterou a condenação de Angola à invasão da Rússia contra a Ucrânia.
Lourenço desmistificou o investimento chinês em África, afirmando que não constitui qualquer perigo à soberania dos Estados.
O sociólogo e académico João Lukombo Nzautuzola diz que com este novo discurso o Presidente angolano pretende juntar-se aos países que melhor defendem os interesses económicos de Angola, em meio à guerra movida pela Rússia contra a Ucrânia.
“É uma forma de se adaptar à nova conjuntura política e Angola quer seguir para onde os seus interesses são mais defendidos”, afirma.
Quando à cooperação com a China, Lukombo destaca o facto do país ter sido o único que se predispôs a apoiar a reconstrução da Angola, depois da guerra civil mas, ainda assim, discorda da tese segundo a qual a presença em África daquela país asiático não constitui ameaça para os Estados do continente.
“Como consequência dessa abertura ,os chineses quase tomam de assalto todas as áreas da economia, incluindo o sector informal”,afirma aquele académico.
Por seu turno, o líder do Observatório Político e Social (OPSA), Sérgio Calundungo, considera “uma surpresa” a mudança da política externa de Angola em relação à Rússia .
Calundungo diz ser “um falso problema” considerar que as relações da China com a África são diferentes das que que a União Europeia teve.
“Foram relações marcadas por predação dos seus recursos por satisfação das suas próprias agendas em detrimento dos interesses dos países africanos”, sustenta.
“Em política não há amigos permanentes e os interesses são cíclicos em função das necessidades das partes”, acrescenta o jurista, Serra Bango.
Na entrevista à VOA, João Lourenço confirmou que o seu Governo está interessado em adquirir armamento americano como parte de um programa de reorganização das suas forças armadas e condenou a tentativa russa de anexação de quatro regiões da Ucrânia, afirmando “não entender” como um país que ajudou Angola a combater uma invasão exerna esteja agora a fazer isso na Ucrânia. VOA