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Sexta, 18 Julho 2014 15:04

Governador do BNA esclarece a situação do BESA no Parlamento

"Há um problema nesta altura identificado com a qualidade da carteira de crédito do Banco Espírito Santo [Angola]. Temos operações em situação irregular, operações de crédito malparado", disse o Governador do BNA, na Assembleia Nacional.O Governador do BNA explicou que a instituição está a ultimar a conclusão de uma avaliação à situação daquele banco, mas admite desde já um cenário de "reforço dos capitais por parte dessa instituição", entre outras "recomendações" do regulador angolano para "mitigar as irregularidades e inconformidades detetadas" no BESA.

"Não identificamos situações relevantes que possam ser tipificadas como favorecimento de crédito a determinados cidadãos ou entidades. Falamos de uma situação generalizada, temos devedores [crédito malparado no BESA] de todos os extratos, de todos os setores da vida económica e social", garantiu José de Lima Massano.

Embora remetendo mais informação para uma fase posterior da investigação, o Governador afirma que, com base nos elementos já "em posse" do banco central angolano, não há risco para o sistema financeiro nacional.

"Não está em causa nem a garantia dos depósitos constituídos junto do BESA nem as responsabilidades que esse banco tem perante terceiros. E muito menos a estabilidade do nosso sistema financeiro", disse Massano aos deputados.

Na terça-feira, em declarações à Lusa, o presidente do maior partido da oposição, a UNITA, afirmou querer ver a situação do BESA esclarecida no parlamento, nomeadamente a garantia soberana que terá sido emitida pelo Estado angolano para cobrir parte deste crédito malparado.

Isaías Samakuva recordou que, enquanto titular do poder Executivo, o Presidente da República está "autorizado" a conceder "garantias do Estado a operadores económicos nacionais" para desenvolvimento "de projetos de significativa importância".

De acordo com o líder da UNITA, esse limite está fixado em 245 mil milhões de kwanzas (1,8 mil milhões de euros), numa alusão à Lei do Orçamento Geral do Estado para 2014. Salientando que o Governo angolano nunca confirmou ou desmentiu a informação, recordou que no caso do BESA essa garantia terá ultrapassado esse valor.

"Ora, segundo informação do Banco Espírito Santo tornada pública, a República de Angola já prestou uma garantia soberana muitíssimo superior - fala-se mesmo de 5 mil milhões de dólares [3,6 mil milhões de dólares] - para o Estado pagar o crédito mal parado", criticou Samakuva.

Desconhece-se contudo quando e em que condições é que essa alegada garantia soberana terá sido atribuída pelo Governo angolano ao BESA.

Lusa /AO24 /Reuters

Em um comunicado ao parlamento nesta sexta-feira, José de Lima Massano afirmou que a situação irá exigir um aumento de capital no BES Angola.

Reuters

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