A criação de uma comissão para "homenagear condignamente" o fundador da UNITA e para "tratar da exumação dos seus restos mortais", entretanto concretizada, foi decidida durante a VII Reunião Ordinária do Comité Permanente da Comissão Política do partido, reunida este mês nos arredores de Luanda.
"Foi uma decisão tomada após profunda reflexão. Achamos por bem, para dar resposta também à vontade da família, criar esta comissão para começar a trabalhar num programa de exumação dos restos morais do doutor Savimbi", confirmou à Lusa o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, sem apontar, contudo, qualquer calendário para este processo.
Esta pretensão da UNITA, o maior partido na oposição à liderança do MPLA, é duramente criticada no editorial de hoje do Jornal de Angola, em que Savimbi é apelidado de "condecorado herói do 'apartheid'".
Intitulado de "Incitação à violência", o editorial do diário estatal angolano acusa o histórico líder da UNITA de ter reduzido "Angola a pó", após as eleições de 1992.
"Homenagear em Angola um herói do 'apartheid' é de uma violência inusitada. É um atentado de morte à reconciliação nacional. É igual a glorificar Hitler ou negar o Holocausto", lê-se no editorial do Jornal de Angola, que sublinha que Savimbi "não pode ser homenageado nem glorificado".
Além dos restos mortais de Jonas Savimbi, cuja morte levou ao fim das hostilidades no país, em 2002, permitindo a assinatura do Memorando de Entendimento do Luena, complementar ao Protocolo de Lusaca, de 1994, a Comissão agora criada tratará da exumação dos restos mortais de outros dirigentes do partido durante a guerra.
O corpo do líder da UNITA, morto em combate nas imediações do rio Lungué Bungo, foi enterrado na província do Moxico e familiares de Savimbi têm vindo a reclamar a realização do seu funeral.
Lusa