No entanto, esse valor “por vezes cai para quatro milhões de dólares, por causa dos actuais ‘apertos’ financeiros, que também afectam as empresas participadas”, explica.
A entrada desses montantes nos cofres centrais do partido maioritário não se reflectiram sempre em entradas nas estruturas de nível médio e de base (comités provinciais, municipais e comunais). Ao que apurou o VALOR esse quadro só seria alterado a partir de 2004, quando Mário António assumiu a presidência do conselho de administração do grupo.
De acordo com a fonte, enquanto a holding esteve sob gestão da malograda Maria Mambo Café, “o partido praticamente não beneficiava, ficando o dinheiro nas mãos de alguns eleitos”. Situação que ocorria, como esclarece, por causa “do grupo de pressão que segundo a mesma fonte escolhia os beneficiários entre os quais alguns empresários falidos por má gestão”.
Com a chegada de Mário António, o poder do “grupo de pressão” seria esvaziado. “Ele revolucionou a Gefi e com isso também impulsionou o funcionamento das estruturas do partido, que começaram a encaixar dinheiro regular para salários, consumíveis e meios de transporte”, reforça o mesmo respon- sável, que se diz “satisfeito” com o trabalho do PCA da empresa que sustenta o MPLA.
Questinada sobre o facto de o conglomerado não divulgar resultados, a fonte responde que a Gefi “está na penumbra”, justamente por não divulgar os resultados. “Mas trata-se de um poder e alternativa que outros partidos não têm”, acrescenta, atribuindo a essa “filosofia empresarial do MPLA” à qualidade de vida “aceitável” dos funcionários do partido em quase todo o país. “Se for só pelo poder financeiro, as coisas estão de tal forma estruturadas que o par- tido há-de ganhar sempre os embates eleitorais”, compara.
A gigantesca holding entra na sociedade de quase uma centena de empresas entre as quais a petrolífera estatal Sonangol, onde detém 1%. Na mineração, a influência alarga-se aos diamantes. Na hotelaria, possui 20% do Hotel Presidente, 51% no Hotel Mayombe, etc.
Tem ainda outras participações em unidades hoteleiras como o Trópico, Tivoli, e o Katequero, em Luanda.
A Gefi, cujo PCA “despacha directamente com o Presidente João Lourenço”, como refere a fonte, entra também no controlo de unidades industriais, como na maior cervejeira do país, a Cuca, onde através da Soba (Sociedade de Bebi- das de Angola) detém 25%. A Soba é uma sociedade da francesa Brasseries International holding (Bih), pertencente ao Grupo Castel.
Os negócios do ‘braço empresarial e financeiro’ do MPLA também estão presentes na banca. No Sol, por exemplo, é sócio maioritário com 55%, cabendo 45% a outros dignitários do MPLA, como o actual governador do Kuando-Kubango, Júlio Bessa, que participa do ‘bolo’ com 5%.
Já no Banco Comercial Angolano (BCA) possui apenas 1,8%, ao passo que os investidores sul-africanos do grupo Absa possuem 50%.
Nesta sociedade, entram igualmente “com fatias iguais Julião Mateus Paulo ‘Dino Matross’, os deputados Salomão Xirimbimbi, Isaac dos Anjos e o professor França Van-Dúnem”.
Não menos importante, além da construção civil e do imobiliário, é a presença da Gefi na aviação. Através da Planar detém 51% da Fly 540. Na comunicação social, o destaque vai para a participação nas rádios comerciais de Cabinda (60%), 2000, na Huíla (75,50%), na Morena de Benguela (80%). Na Luanda Antena Comercial (LAC) participa no capital com 60% e na ‘máquina de propaganda’, a empresa de marketing Orion, responde por 73%.
As participações alargam-se à segurança com duas empresas: a Socorro e a Sambiente, além de outros negócios nas pescas com a Epata Fishing e, na consultoria, com a Sansul.
ORIGEM DA EMPRESA
Segundo narra a fonte que vimos citando, oficialmente a Gefi surgiu a 21 de Setembro de 1992, mas já estava prevista antes dessa data. “Enquanto o ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, foi à Rússia estudar, os outros correligionários foram beber da sabedoria do Ocidente”, sendo estes que “estiveram na origem da empresa, para que o partido se demarcasse dos negócios do Estado”.
A Gefi surge assim “da necessidade de o MPLA ter dinheiro, l o n g e d a dependência das dotações do Orçamento Geral do Estado, manifestamente insuficientes para movimentar a ‘maquina’ partidária”, descereve a fonte, citando nomes como do antigo e malogrado ministro das Finanças Carlos Rocha ‘Dilolwa’, entre os que estiveream na génese da criação dos negócios do partido maioritário.
Além da Gefi, o MPLA conta com um outro ‘braço’ social e comercial, a Fundação Sagrada Esperança, dirigida por Roberto de Almeida. A fundação gere, entre outros, o Centro de Conferências de Belas (Ccb) e o Complexo turístico Futungo II. VE