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Terça, 29 Janeiro 2019 19:10

UNITA defende inserção de médicos angolanos reprovados a título experimental

A UNITA, maior partido da oposição angolana, apelou hoje ao Governo para a inserção no sistema de saúde dos 825 médicos reprovados no último concurso público, observando um período experimental de dois a seis meses, sob acompanhamento rigoroso.

A posição foi hoje expressa pelo responsável pela Saúde no autodesignado 'governo sombra' da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Maurílio Luiele, que falava em conferência de imprensa um dia após a reunião daquele órgão do partido, que abordou questões sociais e económicas.

O Ministério da Saúde de Angola realizou em 2018 um concurso público para a o preenchimento de 1.703 vagas, tendo 825 médicos sido considerados como não aptos, o que levou o Governo a anunciar a realização, a partir de junho, de um novo curso, mais célere, com a duração de três meses, para os mesmos e novos candidatos para o preenchimento das vagas.

Para a UNITA, a reprovação desses médicos pelo Ministério da Saúde demonstra um contrassenso, já que foram reconhecidos pela Ordem dos Médicos de Angola.

Segundo Maurílio Luiele, a formação em medicina é contínua, sendo "absolutamente necessário" um período experimental para que incrementem as suas competências.

"Não acho que uma prova pontual avalie de facto as competências efetivas desses profissionais", disse, reiterando a necessidade de serem inseridos no sistema e observar-se um período experimental.

"Defendemos que todos devem ser inseridos no sistema, quanto mais não seja porque as carências são enormes, há um recurso sistemático a médicos cubanos, que custam muito ao país, sempre seria mais barato oferecer a esses médicos angolanos um período de formação adicional do que fazer recurso a médicos no estrangeiro", disse.

Por sua vez, o vice-presidente da UNITA e 'primeiro-ministro' no 'governo Sombra' da UNITA, Raul Danda, realçou a necessidade de o país "credibilizar as instituições".

"Aquilo que acontece hoje, e aquilo em concreto que hoje trouxemos para aqui, significa passar um atestado de incompetência à Ordem dos Médicos, às universidades que formam os médicos, numa situação que o país tem uma gritante falta de médicos", considerou.

Raul Danda questionou igualmente os critérios de avaliação dos candidatos ao concurso, referindo-se ao facto de terem sido evocadas questões de geografia.

Quando se falava das provas, lembrou Raul Danda, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, falava de cultura geral, evocando questões geográficas, importantes para o diagnóstico, por exemplo, de uma pessoa com problemas de hipertensão, questionando se os médicos estrangeiros também são obrigados a ter esse conhecimento.

"É considerado bom médico para tratar os angolanos, por que é que tem que se socorrer a esses critérios? Acho que são critérios bastante ou demasiado subjetivos para se poder qualificar o médico e estamos a passar um atestado de incompetência aos nossos médicos e a não exigir a mesma coisa a outros médicos que venha de outras latitudes", salientou.

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