Sábado, 31 de Mai de 2025
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Sexta, 30 Mai 2025 09:56

UNITA "tem pago preço muito caro para garantir estabilidade" em Angola - Nelito Ekuikui

O deputado angolano Nelito Ekuikui considera que o seu partido, a UNITA, maior formação da oposição em Angola, "tem pago um preço muito caro a segurar o povo, garantindo a estabilidade" no país.

"A UNITA tem a força do povo. A UNITA pegou até hoje a angústia e a desilusão do povo. Segurou-a, e tem pago um preço muito caro a segurar o povo, garantindo a estabilidade", afirma, em entrevista à agência Lusa, o deputado e líder da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), ala juvenil da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

"Estou certo que a UNITA já não poderá fazer mais. Tenho esta certeza porque o povo está cansado", acrescenta, salientando que a população angolana, maioritariamente jovem, "quer viver com dignidade na sua pátria".

"Ontem negaram-nos um pão. Hoje queremos tudo. Portanto eu penso que o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, que governa o país desde a independência, faz 50 anos em 11 de novembro] tem que estar preparado e deve ter a flexibilidade de começar a construir os pilares de uma transição política democrática nos termos da Constituição e da lei", completa.

Nelito Ekuikui é de opinião que o MPLA "insiste numa lógica de permanência no poder à força" enquanto o povo, interpreta, "quer liberdade, tem fome, quer saúde, quer educação".

"O maior interesse e a maior responsabilidade da estabilidade em Angola é o MPLA. O MPLA é responsável por tudo o quanto vai acontecer ou está a acontecer em Angola", acrescenta, considerando que o partido no poder em Angola "tem os instrumentos capazes de evitar qualquer instabilidade social que decorre da crise financeira, da crise social profunda, crise de valores profunda. Só o MPLA pode fazer".

Olhando para o seu partido, que realiza em novembro um congresso onde a liderança do líder, Adalberto da Costa Júnior, poderá vir a ser disputada, Nelito Ekuikui não quer tecer grandes comentários.

"Considero ser prematuro falar de candidaturas. É prematuro falar do congresso. Temos tempo suficiente. É prematuro na medida em que o partido tem uma direção, legítima, e esta direção deve conduzir todo o processo, toda a estratégia para a assunção do poder", responde.

Questionado se assina por baixo a continuidade de Adalberto da Costa Júnior na liderança da UNITA, Nelito Ekuikui, cujo trabalho durante a campanha para as eleições gerais de 2022 resultou numa inédita vitória sobre o MPLA na província de Luanda, diz que o líder do partido "teve resultados. Não se pode negar o resultado que o presidente Adalberto deu a Angola".

"Diria mesmo a Angola e não à UNITA. Angola. Quebrou um paradigma que há muito não era quebrado, logo, isso por si diz muito. Não vale a pena argumentarmos. Há uma liderança que tem resultados. Estão aí para quem quiser ver", acrescenta.

"O interesse maior é que haja aqui a assunção da dor do povo. Eu sinto que há um povo em Angola que sangra todos os dias. Há um povo que sofre. Há um povo que chora sem perspetivas de construção de pontes para o futuro. Porquê? Porque o poder instituído em Angola despiu-se da sua responsabilidade. A UNITA tem feito o seu trabalho. Eu considero que tem feito bem o seu trabalho", afirma.

Quanto ao seu papel neste processo, Nelito Ekuikui diz que vai continuar a ser "uma voz" no seio do partido.

"Vou continuar a denunciar, continuar a trabalhar junto do povo para que, no futuro muito próximo, faça parte da geração de jovens que vão efetivamente protagonizar a mudança que Angola tanto augura", conclui.

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