Angola preside desde Janeiro a Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), a instabilidade na RDC, mas também na RCA e na Líbia levaram a Luanda os diplomatas argelinos Saïd Djinnit, enviado especial do secretário-geral da ONU para esta região e Samil Djinnit, comissário da União Africana para a paz e segurança nos Grandes Lagos, ambos deixaram hoje (10/09) a capital angolana.
Georges Chicoty, chefe da diplomacia angolana confirma que os rebeldes hutus ruandeses das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), não vão cumprir o ultimato que lhes foi dado de até 31 de Dezembro se renderem e entregarem as armas, tal como sucedeu com o outro movimento rebelde o M23, cujos membros foram amnistiados.
Apesar de em Maio as FDLR terem aceite este compromisso, até à data menos de 200 rebeldes se renderam.
"Angola não é parte da brigada de operações, mas nós apoiamos a posição das Nações Unidas e dos Estados membros, tanto mais que estamos a presidir a organização (CIRGL)...existem tropas suficientes quando chegar o momento da operação vai-se avaliar as forças que se tem, e se tiver que ser, Angola também é parte da organização.", afirma Georges Chicoty.
As FDLR formadas em 2000, são constituídas por rebeldes hutus ruandeses, que se refugiram no leste da RDC (Norte e Sul Kivu), depois do genocídio no Ruanda em 1994, e em 2013 eram compostas por entre 1500 e 2000 homens (alguns dos quais participaram activamente no genocídio de tutsis e hutus moderados) e pretendiam derrubar o regime de Paul Kagamé. Em 2012 o Tribunal Penal Internacional lançou um mandado de captura internacional contra o líder das FDLR Sylvestre Mudacumura, por crimes cometidos no Kivu
Dirigentes da SADC e da CIRGL vão reunir-se de novo em Outubro, para decidir que medidas tomar, para obrigar à rendição das FDLR, o que poderá passar por uma intervenção armada conjunta, com apoio da ONU, na qual Angola poderá participar com tropas se necessário for, afirma o chefe da diplomacia angolana.
RFI