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Terça, 08 Setembro 2015 17:17

Deputados desafiados a processar José Eduardo dos Santos

O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) desafiou hoje os deputados angolanos a moverem um processo para responsabilização do Presidente do país, José Eduardo dos Santos, por crimes de suborno, peculato e corrupção.

Isaías Samakuva lançou o repto na cerimónia de abertura das primeiras jornadas parlamentares conjuntas de partidos da oposição, que durante dois dias vão debater em Luanda problemas ligados ao parlamento e à sociedade.

Para o líder do principal partido da oposição em Angola, terá chegado o momento, depois de denúncias e factos "por demais evidentes" no país e no estrangeiro sobre "dinheiros roubados que pertencem ao povo", de "os angolanos enviarem um sinal claro aos predadores e ao mundo de que o detentor da soberania em Angola está ciente destas práticas e definitivamente não as aprova".

"Há indícios bastantes e de amplo conhecimento público para se promover tal processo", afirmou o líder da UNITA.

"Não importa o seu desfecho. O que importa é os deputados interpretarem fielmente o sentimento do povo soberano e agirem em conformidade. Porque não é um processo dos deputados, é um processo do povo contra um mandatário infiel", referiu ainda Isaías Samakuva.

Segundo o presidente da UNITA, para um parlamento democrático "ao serviço dos angolanos" são necessárias iniciativas originais e que se saia da rotina. Bem como o intensificar da interação com os cidadãos, através da consolidação e fortalecimento de pontes com diversos setores da sociedade.

"Estou convencido que se introduzirmos no espaço político nacional uma nova dinâmica de luta, ela produzirá por si só uma nova cultura, a cultura da mudança em estabilidade. É esta nova cultura que irá presidir ao processo de resgate da pátria, de renovação social e de construção de uma Angola para todos", frisou.

Por sua vez, o líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, disse que as lideranças partidárias e os deputados são hoje testemunhas do drama da maioria da população angolana, "que é pobre, num país potencialmente rico, por causa de uma só pessoa que a todos recomenda paciência".

Abel Chivukuvuku exortou as bancadas parlamentares da oposição a concertar ideias e vontades, com vista a protagonizar a mudança de Angola em 2017.

"Nós, CASA-CE, acreditamos que temos a obrigação de acelerar a marcha para a mudança, porque o sofrimento dos nossos compatriotas é atual e não se compadece com delongas. Por isso já demonstramos que o nosso passo será sempre acelerado, embora cadenciado", disse Chivukuvuku.

A mesma tónica tiveram os discursos dos líderes do Partido de Renovação Social (PRS), Eduardo Kuangana, e da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Lucas Ngonda.

De acordo com Eduardo Kuangana, a coesão entre todos os partidos da oposição "real" pode torná-los fortes, sendo necessário que dirigentes e dirigidos se consultem mutuamente para a tomada acertada de decisões.

Lucas Ngonda considerou as jornadas um espaço de cruzamento de ideias e de diálogo para com a sociedade civil a fim de se ajustar posições e definir metas, "onde a democracia encontre espaço de atuação livre, consciente e responsável".

LUSA