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Quarta, 26 Fevereiro 2025 16:54

PR moçambicano compara manifestantes aos rebeldes que têm atacado Cabo Delgado

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, comparou hoje os promotores de “manifestações violentas” e vandalismo com os terroristas que têm protagonizado ataques em Cabo Delgado, classificando-os como “inimigos do povo”.

“Estas pessoas que estão a fazer este vandalismo, a estragarem coisas do povo (…) não têm diferença com aquilo que os terroristas estão a fazer”, declarou Daniel Chapo, durante o comício popular no distrito de Palma, na província moçambicana de Cabo Delgado, norte do país.

Para o Presidente de Moçambique, as manifestações que o país vive desde outubro estão a ser promovidas por “inimigos do povo”, que estão a recorrer à mesma estratégia usada pelos rebeldes que desde 2017 têm protagonizado ataques no norte do país.

“O terrorista rouba nos estabelecimentos do povo, queima os hospitais do povo, assalta posto policial para roubar armas e atacar o povo. Estes que estão a fazer vandalismo, manifestações violentas, ilegais e criminais não tem diferença com terroristas”, frisou.

Segundo o chefe de Estado moçambicano, o argumento usado pelos responsáveis pelos ataques armados no início das incursões também foi falta de emprego e oportunidades, mas estes problemas existem em outros pontos do país.

“Na Beira há falta de emprego, na cidade de Pemba há falta de emprego, mas porquê que não há terrorismo lá? Eles querem o nosso gás”, acrescentou Chapo, para quem o argumento da fraude eleitoral para as manifestações nos últimos meses também tem a intenção de “desestabilizar o país”.

“A nossa lei é clara: quando fala de manifestações não é para roubar, matar os outros ou roubar armas”, frisou Chapo, que acusa também os promotores das manifestações de drogarem a juventude para “atos de vandalismo”.

“Como Estado, nós não vamos tolerar isso. Em Moçambique só há um Presidente e chama-se Daniel Chapo”, frisou o chefe de Estado, pedindo vigilância a população de Palma.

O distrito de Palma localiza-se a norte da província de Cabo Delgado, a mais de 500 quilómetros da cidade capital de Pemba, ao longo da estrada N380, uma das poucas asfaltadas da região, e faz limite com a Tanzânia, através do rio Rovuma, e a comunidade de Quilambo.

Palma foi alvo de um dos mais mediáticos ataques protagonizados pelos rebeldes que aterrorizam a província de Cabo Delgado, quando em 24 de março de 2021 os insurgentes invadiram a sede daquele distrito, tendo provocado dezenas de mortos e feridos, bem como a fuga de milhares de pessoas.

A TotalEnergies, cujo consórcio vai investir mais de 20 mil milhões de dólares na exploração de gás natural no norte de Moçambique, suspendeu o desenvolvimento do projeto na região, devido a este ataque, perto das infraestruturas do empreendimento, em Palma.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 3.500 feridos durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias, durante as manifestações.

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