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Terça, 19 Novembro 2024 17:35

Moçambique: Nyusi convida os quatro candidatos presidenciais para reunião

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, convidou hoje os quatro candidatos presidenciais para uma reunião, incluindo Venâncio Mondlane, e disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o “caos” e que “espalhar o medo pelas ruas” fragiliza o país.

“Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique, irei usar. Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (…). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas”, disse Nyusi, numa mensagem à nação, de cerca de 45 minutos, sobre a “situação do país no período pós-eleitoral”.

Apelando à “libertação do egoísmo” neste processo pós-eleitoral, o chefe de Estado, cujo último mandato termina em janeiro, garantiu que o Governo está “aberto” para, “juntos”, encontrar “uma solução” para o atual momento, marcado por paralisações e manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro, anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.

“Precisamos inclusivamente dos diferentes candidatos a Presidente da República. Precisamos do envolvimento do Lutero Simango, do Daniel Chapo, do Venâncio Mondlane e do Ossufo Momade. Precisamos do envolvimento dos seus colaboradores e apoiantes.

Quero aproveitar esta ocasião para convidar a todos eles, esses quatro que eu falei, os candidatos, para aceitar o meu apelo para reunirmos com os quatro, para, em conjunto, avaliarmos esta situação e encontrarmos uma solução que beneficie os moçambicanos”, disse.

Nyusi insistiu no apelo à “calma”, até “à validação dos resultados” pelo Conselho Constitucional, mas alertou que esses são a “soma das várias vontades” e não uma vontade “sozinha”.

“O país precisa de todos nós, o nosso povo precisa de nós. Não há problema que não possa ser resolvido pelos moçambicanos. Todos os problemas podem ser resolvidos através do entendimento mútuo e da busca de consensos”, apelou. Disse ainda que é necessário “um papel pacificador” no país e não de “desordem”, afirmando que o cenário atual, de manifestações, barricadas nas ruas, saques de lojas, paralisações forçadas e outros atos de violência, neste processo de contestação, que degenera em constantes confrontos com a polícia, desde 21 de outubro, representa uma “tentativa de atentado contra o Estado moçambicano”.

“Contra a sua soberania e integridade territorial. Podem estar certos de que durante todo este tempo nunca paramos de trabalhar para reverter esta situação (…) A calma e a tranquilidade vão-se restabelecer em todo o país, porque estamos a trabalhar para isso”, apontou o Presidente da República.

Nestes protestos, Venâncio Mondlane contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE.

Sobre estas manifestações, Nyusi afirmou que não obedeceram aos preceitos legais, como a “falta” de informação sobre as “rotas” por quem as pediu, admitindo que a forma de convocação estava concebida para “criar ódio e desejo de vingança” entre moçambicanos, justificando assim a intervenção policial.

“Degeneraram em atos violentos contra cidadãos inocentes e contra bens públicos e privados. Generalizaram-se ações de vandalismo, como a colocação de barricadas nas vias de acesso, incêndio de pneus, destruição de infraestruturas públicas, sociais e privadas”, apontou.

“Espalhar o medo pelas ruas, apenas agrava a nossa condição. Bloquear as estradas e instalar posto de cobrança coerciva de dinheiro em nada ajuda para crescermos”, acrescentou o chefe de Estado, afirmando que “o adversário político não pode ser convertido no inimigo”.

“Não existem de um lado os puros e do outro lado os culpados. Não existem de um lado os anjos e de outro lado os demónios. Somos todos moçambicanos, cada um tem a sua missão, a sua importância nesta nossa sociedade”, defendeu, criticando um discurso de “diabolização de adversários políticos”, que incitou a “caça ao homem”.

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