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Domingo, 20 Outubro 2013 22:07

BE: Nenhum outro estado, queira conduzir a Justiça portuguesa em rumos que lhe serão favoráveis. Featured

João Semedo salientou que o BE não aceita que “nenhum outro estado, seja o angolano ou qualquer outro, queira conduzir a Justiça portuguesa em rumos que lhe serão favoráveis"

O coordenador nacional do Bloco de Esquerda João Semedo afirmou hoje, no Funchal, que o partido quer boas relações entre os Estados português e angolano, mas rejeitou que tenham de ser à custa de “princípios fundamentais" de separação de poderes.

“Nós defendemos que haja boas relações bilaterais entre o Estado português e o Estado angolano, agora não estamos de acordo nem dispostos a que essas relações para serem boas tenham de ser feitas à custa de princípios fundamentais, como seja o do natural, normal funcionamento da Justiça”, disse João Semedo.

O dirigente do Bloco comentava as declarações do Presidente da República, Cavaco Silva, que na sexta-feira revelou estar certo de que "mal entendidos" entre Portugal e Angola e "eventuais desinformações" vão ser ultrapassados e que os dois países vão fortalecer o seu relacionamento.

João Semedo salientou que o BE não aceita que “nenhum outro estado, seja o angolano ou qualquer outro, queira conduzir a Justiça portuguesa em rumos que lhe serão favoráveis ou, pelo menos, os próprios reconhecem como favoráveis”.

“A Justiça é autónoma e independente, o próprio Estado português – os órgãos de soberania, o Governo, Assembleia da República, o próprio Presidente da República – tem que respeitar a autonomia da Justiça. Ora, se nós exigimos isso aos nossos órgãos de soberania, também devemos exigir isso aos órgãos que representam estados e países estrangeiros”, frisou o responsável.

À margem da XXIII Cimeira Ibero-Americana, na Cidade do Panamá, o chefe de Estado informou os jornalistas que na terça-feira à tarde "ocorreram contactos" entre o seu gabinete e o gabinete do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e que "a conversa correu bem".

Questionado sobre a que "mal entendidos" e "eventuais desinformações" se estava a referir, o Presidente da República Portuguesa respondeu que não é altura de os "avivar", mas sim de trabalhar para os ultrapassar. "Eu não irei avivar nada daquilo que pode eventualmente ter estado por detrás desses mal entendidos", acrescentou.

Segundo Cavaco Silva, "quando as relações entre dois países são muito intensas, como é o caso de Portugal e de Angola, por vezes surgem mal entendidos".

Na terça-feira, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, considerou que "o clima político atual" da relação entre Portugal e Angola "não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada" entre os dois países.

Através de uma nota divulgada no mesmo dia, o Governo português manifestou surpresa com as palavras do Presidente angolano sobre a relação entre Portugal e Angola e reiterou a importância e o "alcance estratégico" que tem atribuído a esse relacionamento bilateral.

LUSA

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