Há cinco anos, os dezassete activistas angolanos foram acusados de prepararem um golpe de Estado, contra o Governo do MPLA de José Eduardo dos Santos, foram julgados no tribunal Provincial de Luanda. Dois dos activistas, a busca de respostas questionaram: “Transcorridos 5 anos, temos de questionar: o que mudou em Angola? Ou seja, as razões que nortearam os 15+2 continuam atuais ou foram dissolvidas?”, disseram segundo o órgão de comunicação Lusa.
Cinco anos depois, Hitler Tschikonde e Nuno Alvaro Dala buscam entender, o que mudou neste período em termos de enquadramento político, economia e condições de vida, direitos liberdades e garantias, liberdade de imprensa, administração da justiça e serviços de segurança do Estado, concluindo que a situação se mantém idêntica em vários aspectos no governo de João Lourenço, que sucedeu a José Eduardo dos Santos em 2017. Com o MPLA quase há 45 anos no poder, aponta no declínio do país.
Os activistas estão de olho em tudo, e não deixam passar detalhe algum: “Recentemente, o Tribunal Constitucional, por exemplo, inviabilizou o projecto político-partidário PRA-JA por manifestar orientação política. Por outro lado, as acções levadas à cabo pela Procuradoria-Geral da República e pelos tribunais, traduzidas na prisão, julgamento e condenação de uns poucos criminosos, não passam essencialmente de operações que se enquadram na estratégia de regeneração útil do MPLA, para garantir a sua sobrevivência”, lamentam os activistas pelas mortes causadas pelos policiais, que excedem as mortes pela pandemia no país, refere a carta.
A subida do novo presidente do estado angolano, não passou de uma farsa, segundo activistas, isto no passado 26 de Setembro de 2017, sendo que o MPLA continua no poder: “O combate contra a corrupção e o repatriamento de capitais são farsas. Uma mentira política com vista a ludibriar a opinião pública nacional e internacional”, acrescentam os dois activistas sociais. “Transcorridos cerca de 3 anos [desde a chegada de João Lourenço ao poder], ficou evidente que ‘corrigir o que está mal e melhorar o que está bem’ [o lema da campanha do Presidente angolano] não passa de um processo em que o objectivo cardeal não é a viabilização do País, mas, sim, a manutenção do MPLA no poder”.
“De Junho de 2015 à Junho de 2020, passados 5 anos, o MPLA continua no poder, Angola continua refém do MPLA, a crise económico-financeira continua e segue pior, os angolanos continuam a viver em condições de vida apocalípticas, os direitos, liberdades e garantias continuam a ser violados, enfim, a tragédia é total”, disseram dois dos integrantes do movimento 15+2. Para eles o MPLA é o problema no país, não importa quantos presidentes subam ao poder, desde que se mantém o MPLA, Angola nunca experimentará a mudança.
“É chegada a hora de tomarmos consciência e pormos fim à ditadura do MPLA que já dura 45 anos”, reforçou a carta. No dia 20 de Junho de 2015, foram detidos 13 dos activistas no Instituto Luandense de Línguas e Informática (ILULA), sendo que os outros cinco, foram encontrados nos outros dias, em diferentes pontos do país. Em Março de 2016, no dia 28 foi condenado o grupo 15+2, a uma pena de dois anos e três meses, pelos supostos crimes de actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores, mas foram postos em liberdade, com termo de identidade e residência pelo Tribunal Supremo em Luanda, no 29 de Junho do mesmo ano.