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Quinta, 22 Novembro 2018 13:55

João Lourenço sente "picadelas" pelo combate à corrupção mas garante que vai insistir

O Presidente de Angola, João Lourenço, admitiu hoje que já sente "as picadelas" dos afetados pelo combate à corrupção, mas garantiu que "isso não nos vai matar" e vincou que "somos milhões e contra milhões ninguém combate".

"Quando nos propusemos a combater a corrupção em Angola, tínhamos noção de que precisávamos de ter muita coragem, sabíamos que estávamos a mexer no ninho do marimbondo, que é a designação, numa das nossas línguas nacionais, do terminal da vespa", disse João Lourenço, respondendo a uma pergunta, no Palácio de Belém, em Lisboa, sobre se a questão do repatriamento de capitais - ilicitamente transferidos para o exterior - não se assemelha a 'brincar com o fogo'.

"Tínhamos noção de que estávamos a mexer no marimbondo e que podíamos ser picados, já começámos a sentir as picadelas, mas isso não nos vai matar, não é por isso que vamos recuar, é preciso destruir o ninho do marimbondo", vincou o governante, depois de se ter escusado a comentar as críticas do antigo Presidente José Eduardo dos Santos e da empresária Isabel dos Santos, feitas na quarta-feira, já depois do Presidente ter saído do país.

Na resposta à questão sobre a tentativa de repatriar os capitais ilegalmente retirados de Angola, João Lourenço afirmou: "Quantos marimbondos existem nesse ninho, não são muitos, devo dizer; Angola tem 28 milhões de pessoas, mas não há 28 milhões de corruptos, o número é bastante reduzido e há uma expressão na política angolana que diz que 'somos milhões e contra milhões ninguém combate'".

Tentando mostrar que tem o povo ao seu lado na luta contra a corrupção, João Lourenço terminou a resposta dizendo: "Ninguém pense que, por muitos recursos que tenha, de todo o tipo, consegue enfrentar os milhões que somos, portanto não temos medo de brincar com o fogo, vamos continuar a brincar com ele, com a noção de que vamos mantê-lo sempre sob controlo".

A expressão "brincar com o fogo" foi colocada pelo jornalista português que fez a pergunta sobre as consequências do repatriamento de capitais, mas foi largamente aproveitada por João Lourenço, que iniciou a resposta dizendo: "Se estamos a brincar com o fogo, temos noção das consequências desta brincadeira; o fogo queima, importante é mantê-lo sob controlo, não deixar que ele se alastre e acabe por se transformar num grande incêndio".

O Presidente da República de Angola, João Lourenço, iniciou hoje a sua primeira visita de Estado a Portugal, prevendo, durante três dias, deslocações ao Porto e à base naval do Alfeite, além de Lisboa. Trata-se também da primeira deslocação oficial a Portugal de um chefe de Estado angolano em praticamente dez anos.

Às 15:00, o chefe do Estado angolano e o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, discursam numa sessão solene da Assembleia da República e João Lourenço segue depois para a Câmara Municipal de Lisboa, onde irá receber a chave da cidade das mãos do presidente da autarquia, Fernando Medina.

João Lourenço quer empresários portugueses a apostar na diversificação económica

O Presidente angolano, João Lourenço, convidou hoje os empresários portugueses a investirem no país para aproveitar o "grande potencial" que Angola tem noutras áreas que não o petróleo, dizendo "contar sinceramente com o contributo" dos empresários nacionais.

"Angola vive uma nova fase com importantes reformas que vêm sendo feitas em diversos domínios e com interesse em diversificar a sua economia", acrescentou o chefe de Estado, na sua intervenção inicial no Palácio de Belém, no âmbito da visita de Estado que João Lourenço está a realizar a Portugal.

"Ao falar da diversificação da economia, não podemos de forma nenhuma deixar de contar com a intervenção de Portugal; dos empresários portugueses, gostaríamos de vê-los em força em Angola, investindo nos mais diferentes domínios da nossa economia e não apenas naquela que constitui a principal fonte de receitas de Angola, que mais contribui para o PIB, que é o petróleo", disse o chefe de Estado.

João Lourenço admitiu que gostaria de "esquecer que o petróleo existe" - Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África - e defendeu que a economia deve apostar noutros setores da economia

"E para isso Angola tem grande potencial, em outras áreas que estão adormecidas e para levantar do estado de letargia em que se encontra, contamos sinceramente com o contributo dos homens de negócio portugueses", disse.

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