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Terça, 26 Mai 2020 11:40

Isabel dos Santos questiona veracidade de documento na base do arresto dos seus bens

Depois de ter denunciado uma falsificação do seu passaporte por parte das autoridades angolanas, a empresária vem agora questionar o memorando, sem datas nem nomes, que indicava que Isabel dos Santos estaria a preparar a venda da Unitel a um empresário dos Emirados Árabes Unidos

Os advogados de Isabel dos Santos acreditam que não foi apenas o passaporte da empresária que foi falsificado no processo em que é investigada por desvio de fundos no período em que era presidente da estatal Sonangol. Agora a defesa de Isabel dos Santos aponta o dedo à Procuradoria Geral da República (PGR) por ter usado um memorando sem nomes nem datas para sustentar a necessidade de arresto dos bens.

Em causa está um memorando enviado a 9 de julho de 2019 pelo diretor do gabinete do chefe do Serviço de Informações e Segurança do Estado (Sinse), Leopoldo Nascimento, a Eduarda Rodrigues, do Serviço Nacional de Recuperação de Ativos. O memorando propriamente dito não é assinado e apresenta informação "obtida pelos canais de inteligência".

Essa informação dava conta de que "a Eng. Isabel dos Santos contactou um empresário dos EAU [Emirados Árabes Unidos] no sentido de comprar a sua participação na empresa de telefonia móvel Unitel".

O memorando das secretas angolanas diz ainda que "o referido empresário solicitou serviços remunerados de oficiais da Interpol Angola, no sentido de efetuarem um levantamento da atual situação da Unitel".

"Pensamos que não devemos perder de vista que esta é uma via através da qual IS procura desfazer-se desta participação com fito de se evadir das instâncias da Justiça em Angola", pode ler-se no mesmo documento.

E é este documento, que não identifica nem o alegado empresário nem a data do citado contacto com Isabel dos Santos, que os advogados desta última contestam.

Num comunicado divulgado esta terça-feira, o advogado Dan Morrison, da Grosvenor Law, declarou que "a PGR de Angola baseou o seu caso contra Isabel dos Santos na força de documentos falsos", pelo que "deverá explicar por que documentação falsa foi enviada e aceitada em tribunal".

"O arresto de ativos deve ser revertido e as autoridades portuguesas devem ser notificadas disso imediatamente. Não o fazer irá evidenciar que a agenda do Governo é puramente política", defende o advogado de Isabel dos Santos. "Houve claramente um abuso processual. A PGR deverá agir rapidamente e evitar que ela própria, Angola e agora Portugal sejam expostos a mais embaraços", acrescenta.

A defesa de Isabel dos Santos diz ainda que a Interpol também deve investigar a indicação de que um empresário terá solicitado serviços a agentes angolanos em troca de remuneração.

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