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Domingo, 24 Abril 2016 14:27

VIDEO - Cantor congolês Papa Wemba morre em palco durante atuação

O influente músico congolês Papa Wemba, uma das figuras mais conhecidas da chamada world music, morreu este sábado à noite, depois de ter tido um colapso em palco num concerto em Abidjan, na Costa do Marfim. O músico tinha 66 anos.

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O festival decorre em Abidjan, a maior cidade do país, e as primeiras hipóteses para a morte do artista apontam como possível causa a malária cerebral de que sofria e que o obrigou a estar hospitalizado durante vários dias em fevereiro, em Paris, levando ao cancelamento de vários concertos.

Conhecido como o rei da rumba congolesa, Papa Wemba e a sua orquestra eram um dos pontos fortes do festival, tendo a sua morte provocado uma forte comoção, principalmente entre os seus colaboradores, que num primeiro momento não se aperceberam da morte do cantor e continuaram a atuar.

O seu verdadeiro nome era Jules Shungu Wembadio Pene Kikumba e o seu grande mérito foi o de ter fundido tradições africanas com pop ocidentalizada e influências rock. Figura reconhecida em África desde 1969, era um dos nomes mais populares do soukous, género musical derivado da rumba africana, que surgiu no Congo nas décadas de 1930 e 1940.

Ao longo dos anos acabou por ser celebrado em todo o mundo como o “rei da rumba do Congo”, tendo actuado com celebridades como Stevie Wonder ou Peter Gabriel (fez as primeiras partes da Secret World Tour em 1993 e Gabriel produziu três discos seus na sua editora, a Realworld), e o seu álbum de 1995, Emotion, foi produzido por Stephen Hague (Pet Shop Boys, New Order). 

Foi co-fundador dos Zaiko Langa Langa em 1970, um grupo no qual permaneceu quatro anos, e que misturava R&B americanizado com música dançante do Zaire (actual República Democrática do Congo), tendo lançado vários êxitos como Pauline, C'est vérité ou Liwa ya somo. De alguma forma o grupo acabou por marcar a passagem da rumba, reapropriação de ritmos cubanos por músicos africanos, para o soukous, influenciado pelo funk e soul.

Depois de ter deixado esse grupo formou as suas primeiras bandas, Isife Lokole e Yoka Lokole, mas seria em 1976 que viria a liderar a formação com a qual obteve mais êxito, Viva La Musica, que construiu a sua reputação com êxitos como Moku nyon nyon, Nyekesse Migue'l ou Cou cou dindon, onde se distinguia a sua voz singular.

Mas não foi apenas a música que marcou o seu percurso. Foi ele também o grande inspirador do movimento de culto congolês dos Sapeurs, jovens do sexo masculino mestres na arte de bem vestir. Papa Wemba e os seus grupos sempre se distinguiram pelo aprumo e pelo cuidado com a roupa e os admiradores do músico, inspirados pelo seu sentido estético, começaram a vestir da mesma forma, surgindo aí os Sapeurs (o nome deriva do acrónimo S.A.P.E., Société des Ambianceurs et des Personnes Élégantes).

Um dos momentos mais complicados do seu percurso aconteceu em 2004, quando foi condenado a três meses de prisão em França por ter participado num esquema de imigração ilegal, através do qual cidadãos africanos entravam no país fazendo-se passar por membros da sua banda.

 

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