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Sexta, 28 Março 2014 10:15

Matias Damásio, do Bairro da Lixeira para o Mundo

Entrámos "No Íntimo" de Matias Damásio no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém.  A luz vermelha que iluminava o palco adivinhava algo. Existiria "muxima" na música e nostalgia. Ali homenageou-se a música angolana, mas não só. Houve fado e coladera. Misturaram-se sotaques, e Damásio provou ser como a música, sem fronteiras.

Matias Damásio começou por oferecer ao público um “Bouquet de rosas”. Tal como em qualquer serenata, não faltaram os violinos. Era uma noite especial e, por isso, o palco estava composto por instrumentistas de cordas, sopro, percussão e teclas.

Apesar de “Porquê”, foi com a “Declaração de amor” que o público despertou. A emoção falou mais alto quando o público ouviu que Damásio “era da rua”. As mulheres cantavam alto e o cantor respondeu com “Vim devolver”, uma das músicas mais aguardadas da noite.

Depois de ter devolvido a canção que a plateia exigia, o saxofone introduziu o que já se esperava ouvir do Mais Querido de Angola. “Eu sou um homem sério, para namorar, tenho que conhecer a mãe, o pai e os irmãos”. Só assim se “Evita problema”.

Houve fado no “Amanhã” e harmonia entre duas vozes que até se questionava se se poderiam cruzar sem que perdessem a identidade. Ao lado da primeira convidada da noite, Carminho, Damásio provou ser possível. Matias acompanhou ainda a fadista num fado que saudou a audiência, o “Bom dia, Amor”.

A música angolana também foi homenageada. O músico trouxe clássicos da música nacional. Após “Nvula” de Filipe Mukenga, escutou-se “Meninos do Huambo”, que colocou todos a cantar, não tivesse sido também celebrizada em Portugal pelo cantor Paulo de Carvalho. O solo do violino acentuou a nostalgia e convidou a uma viagem no tempo.

Outro dos momentos mais esperados da noite foi a entrada do “Kota”, o cantor Paulo Gonzo. Matias entrou nos “Jardins Proibidos” do cantor português que anunciou que aquela era uma estreia. O público entrou em delírio.

Ainda com a plateia em êxtase seguiu-se a “Outra”, um dos momentos mais marcantes da noite. Dois homens, um, um veterano da música portuguesa e outro, o rapaz que veio “da lixeira”, vestiram a pele daquela “que todos condenam”, cada um com o seu sotaque. Matias Damásio e Paulo Gonzo contaram a história da amante com cumplicidade.

A luz do palco voltou a ser vermelha. Começou-se a ouvir os violinos. Era “Muxima” com o público a cantar em uníssono. No embalo, entrou Tito Paris, para surpresa da audiência, que o recebeu com aplausos.

Os músicos aproximaram-se mais do público. São “irmãos” e aquela era uma noite intimista. Tito disse: “a música é sem fronteiras, é como o amor”.

Abriu-se a porta para Cabo Verde. “Dança ma mi kriola” colocou a plateia em pé. Tirando proveito de se estar “No Íntimo”, houve lugar para revelações. O pai grande da música africana, segundo Damásio, convidou-o para participar no seu próximo álbum.

A noite chegava ao fim e era altura de lembrar os tempos do “kwanza burro”, que o artista comparou à época do escudo em Portugal, “onde muitos eram ricos”.

Depois de Matias Damásio se despedir, o público gritou “volta”. O CCB celebrou “Angola” e foi convidado a visitar o país que “merece uma oportunidade”. O cantor recebeu ainda aplausos ao dizer que “ser angolano é ter Angola no coração”.

sapo.ao

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