Acontece que, ao chegarem à tão esperada fase da reforma, o que deveria representar um período de descanso digno e merecido, transforma-se em um verdadeiro pesadelo. A transição do salário para a pensão reduz drasticamente o rendimento destes cidadãos, empurrando-os para a pobreza extrema. Sem poder de compra, muitos reformados veem- se incapazes de custear necessidades básicas como alimentação, saúde, habitação e educação dos dependentes que ainda carregam consigo.
Em tempos passados, existia uma prática de atribuir um valor adicional, uma espécie de compensação ou indemnização, que permitia ao trabalhador reformado iniciar pequenas iniciativas privadas. Esse apoio, embora simbólico, funcionava como um impulso para a manutenção da dignidade na velhice. Hoje, essa realidade parece cada vez mais distante, deixando os reformados entregues à própria sorte, num ciclo de frustração e abandono.
O resultado é visível, profissionais que deram a sua juventude, energia e competências ao Estado vivem agora uma velhice marcada por privações e incertezas. O trabalho árduo de longos anos não se traduz em reconhecimento, mas sim em um destino cruel de sobrevivência precária, chegando mesmo de serem sustentado pelos filhos.
A reforma não pode continuar a ser sinónimo de pobreza. Seria importante no meu entender, repensar as políticas de previdência social, garantindo que aqueles que tanto contribuíram para o funcionamento do Estado possam viver com dignidade. Para isso, algumas medidas concretas precisam ser debatidas e implementadas como por exemplo o reajuste periódico das pensões onde as pensões deveriam acompanhar a inflação e o custo de vida real, assegurando que o poder de compra dos reformados não se degrade ano após ano.
De Criar um fundos complementares de apoio ao reformado considenrando um mecanismo especial de compensação financeira que permita ao trabalhador, ao se reformar, receber um valor único para investir em pequenas iniciativas produtivas ou na sua estabilidade
familiar. De políticas de reinserção produtiva onde muitos reformados com capacidades físicas e intelectuais podem continuar ativos. Programas de apoio a micro-negócios ou consultoria poderiam transformar a experiência acumulada em benefícios para a sociedade.
Prioridade em serviços sociais onde os reformados deveriam ter prioridade em programas de habitação social, acesso gratuito a medicamentos essenciais e cuidados de saúde especializados.
Reforço institucional da segurança social onde exista maior transparência na gestão dos fundos públicos e combate à corrupção, garantindo que os recursos destinados às pensões cheguem de forma justa e integral aos beneficiários.
Para terminar entendo que, valorizar o reformado é valorizar a própria história do país. É reconhecer que cada estrada, cada escola, cada hospital e até a propria paz que vivemos hoje, foram erguidos com o esforço desses trabalhadores e desses grandes soldados. A reforma não deve ser o início da miséria, mas sim o tempo de viver com dignidade, colhendo os frutos de uma vida inteira de serviço.
Enquanto não se garantir justiça social para os seus reformados, continuará a alimentar um ciclo de ingratidão e de pobreza institucionalizada. O Estado deve mais do que palavras, deve dignidade, reconhecimento e condições reais de vida àqueles que dedicaram tudo ao serviço público.
Rafael Morais