Em declarações à imprensa, o porta-voz do SIC, Paulo Dias de Novais, informou que o empresário foi detido em Menongue no passado dia 20 do mês em curso, em coordenação com a Procuradoria-Geral da República e outros serviços do Ministério do Interior locais.
Fez saber que o suposto empresário é o director geral da empresa Beacon Global Limita, a quem foram adjudicadas muitas obras em 2013 na orla fronteiriça com a Namíbia, propriamente nos municípios do Cuangar, Calai e Rivungo.
Segundo disse, até ao momento a empresa do detido não apresentou nenhuma das obras que deveriam dignificar a população local, sobretudo as crianças através das escolas, sem justificação pontual dos valores recebidos dos cofres do Estado angolano.
Assim, prosseguiu o porta-voz, o arguido com processo nº1547 incorre no crime de burla e abuso de confiança ao Estado, sem respeitar, no entanto, as leis angolanas, uma vez ser estrangeiro, tendo avançado que este é primeiro caso de momento, mas que outros poderão ser apresentados nos próximos tempos, porquanto a PGR e o SIC estão, neste momento, a investigar, para as pessoas visadas serem presentes ao magistrado no sentido de responderem pelos actos cometidos.
Já o suposto empresário confessou que está detido por não ter honrado com as cláusulas contratuais com o Governo angolano, na questão da execução física das diversas obras no Bico de Angola, Jamba, no município do Rivungo, por causa da crise financeira que assola o país.
Sem avançar quem, o detido referiu que na conta da empresa notaram-se desvios de avultadas somas de dinheiro, uma vez que dos cerca de 800 milhões apenas foram gastos 400 a 500 milhões, mas que tudo está ser feito para que o SIC, em coordenação com a PGR, possam esclarecer o caso brevemente.
De acordo com o suposto empresário, as obras estavam avaliadas em 100 milhões de dólares americanos, na altura cerca de dois biliões de Kwanzas, pelo que tudo será clarificado para se aferir a veracidade do desvio de outros valores monetários através dos extractos bancários da empresa, domiciliava no BPC.
Reconheceu que muitas obras não correspondem com a execução física em relação aos valores já gastos, mas que o posto da Guarda Fronteira do Buabuata está concluído, assim como a do Bico de Angola, mas que foi vandalizada (…), sendo as escolas estão na execução física, entre 75 a 80 porcento, o posto médico no Rivungo a 40 porcento.
Precisou que as escolas são quatro, uma no Rivungo com 18 salas, mas que o contrato foi cancelado, assim como a terraplanagem do aeródromo do Rivungo e um posto médico.
Ainda em relação as escolas, na sede comunal da Jamba (Rivungo) deu-se início da construção de duas escolas com 8 e 12 salas, respectivamente com 80 porcento de execução física, um hospital com a capacidade de 70 camas, bem como a construção de 21 casas, das 25 previstas, mas que apenas existem 12, uma situação que será igualmente clarificada.
Alega ter sido também possível a desmatação do troço da Jamba a Buabuata, com 59 quilómetros, mas que faltam, para a conclusão, cinco destes, sendo que em função do tempo o referido troço encontra-se coberto de capim, com a previsão da sua conclusão quando o assunto for devidamente resolvido.
A Beacon Global LDA, que contava com 400 trabalhadores, concluiu a desmatação dos 22 quilómetros do troço do Bico de Angola/Xaxa, não executou as 12 casas do tipo T-3, 10 casas para administradores, 100 casas no município do Calai e furo de águas no Bico de Angola.
De referir que as obras tiveram a sua efectiva paralisação em finais de 2015.