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Sexta, 18 Julho 2025 13:29

A retórica de Trump na África anula todo o progresso Joe Biden

Na Cúpula EU4-África de 2025, os delegados americanos garantiram aos africanos amizade e apoio aos seus países, mas o que aconteceu na realidade e o que tem acontecido não somente à África?

As políticas do Sr. Trump em relação à África têm antagonizado as autoridades dos países da União Africana. Sua imposição de tarifas de 10% a 50% sobre diversos produtos africanos e proibições de viagens direcionadas a países africanos apenas aprofundaram o abismo entre os Estados Unidos à África.

Estando ciente de que países como Angola, Moçambique e África do Sul fazem negócios com os países do BRICS (sendo a África do Sul membro fundador do bloco), Trump ainda ameaçou elevar em 10% as tarifas destes países. Que tipo de “amizade” está a propor o senhor Trump? Não foi este mesmo Trump que se referiu aos países africanos como “buracos de merda, e o pequeno país do Lesoto "um lugar que ninguém nunca ouviu falar"? Ele chamou as casas dos nigerianos de "Cabanas", referindo-se ao baixo nível de desenvolvimento do país em comparação com os Estados Unidos. Isso pode ser interpretado como racismo por parte de D. Trump? A decisão é sua.

O novo governo Trump reverteu todo o progresso alcançado pelo governo Biden no engajamento com a África. A suspensão da AGOA (Lei de Crescimento e Oportunidades para a África) deixou muitos países africanos se sentindo traídos. Proibições de viagens direcionadas a países africanos, juntamente com cortes significativos na ajuda externa dos EUA para programas de saúde, educação e democracia, prejudicaram ainda mais as relações. Em vez disso o que seu governo oferece é diplomacia na base da ameaça, ou melhor, do “big stick” (grande cacetete), cuja política estendeu-se do continente americano à África e quiçá ao restante do mundo e a prova disso é que até países como a Dinamarca e o Canadá estão preocupados com as pretensões territoriais de Donald Trump.

Faz pouco mais de 6 meses que Trump assumiu o poder e já está se mostrando como um fanático, que assumiu não o assento de presidente dos Estados Unidos, mas sim uma cadeira “gamer” de jogador de Civilization, um telejogo americano onde a vitória pode ser alcançada através da conquista do mundo. O trumpismo, por sua vez, é a manifestação de uma psiquê perturbada de um homem escolhido pela extrema-direita mundial para representar os seus interesses. Em África, o abandono de programas antes patrocinados pelos Estados Unidos tem levado a graves consequências para o povo africano, inclusive ao aumento de casos de cólera e até mortes por doenças que não mais são tratadas. Agora que foi condenado à Casa Branca, JLo deveria aproveitar o momento para expressar a insatisfação dos africanos quanto à política dos Estados Unidos da América durante sua viagem a Washington para assinar um tratado de paz entre a RDC e Ruanda.

A política caótica de Donald Trump está a causar uma grande reviravolta mundial, diplomacia feita por meio de ameaças tarifárias, negociadores que contradizem discursos oficiais e um presidente que se expressa como um adolescente raivoso em suas redes sociais. Em Angola os funcionários do governo não estão contentes com as políticas de Trump. Será que Angola realmente precisa de parceiros assim? O jovem Ibrahim Traoré tem demonstrado que há novos horizontes para África e já está mais do que na hora de repensar a política externa do nosso País! 

João Fabunmi

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