Porque já ninguém acredita que tenham mudado de atitude. Porque o cérebro é o mesmo e está lá inamovível, com os defeitos de fabrico que conhecemos há anos...
Todos os anos, desde 1976, temos alterações na estrutura governativa. Todos os anos, mudam-se ministros e altera-se até a nomenclatura do Governo. Governo que agora se chama Executivo. Ministros que, sendo agora uma espécie de faz-de-conta, passaram a chamar-se "auxiliares" do Titular do Poder Executivo. Uma espécie de "ajudantes" sem pasta. Como de resto acontece com todos os ajudantes.
No meio deste turbilhão de incertezas, só um dos "ajudantes" sai ileso e dorme descansado. É o Vice da República. Porquê? Porque foi tão eleito quanto o dono da própria República.
Salvo por traição à pátria ou por incapacidade, a contragosto de quem o indicou, não poderá ser exonerado. Mesmo sem poderes, ou melhor, com poderes decorativos, manter-se-á por lá, até Agosto de 2017.
Depois, começará, calmamente, uma nova vida. Os outros "ajudantes" aqui vão para o Governo executar ordens do "ajudado" sem saberem que tipo de ajuda podem prestar.
Vão, desta forma, com o credo na boca, pois, com os dias contados antes mesmo de tomarem posse, sentem-se impelidos a ajudarem-se a si próprios em primeiro lugar.
Primeiro nós, o Estado fica para depois. Com essa divisa, ergue-se, de pedra e cal, um carcomido edifício, que não se vai desmoronar tão cedo.
Entranhado no nosso código genético, esse edifício sobreporá sempre o interesse particular ao interesse público.
Mas, todos os anos, há um outro lado da história que se repete invariavelmente. Agora, que vem aí mais uma remodelação ministerial, mudar-se-ão as peças do xadrez, mas tudo há-de continuar na mesma.
Já estamos habituados. Mas a história não fica por aqui. Para quem se sente no seu epicentro, está reservado também o reverso da medalha.
NJ
