“Dentro de dias, o Presidente da Republica vai fazer, na Assembleia Nacional, um discurso à Nação, e os angolanos estarão à espera que ele indique caminhos e etapas claras, conducentes a um verdadeiro combate contra a corrupção”, acrescentou Raul Danda, para quem este tema se transformou numa verdadeira ameaça à segurança nacional.
As declarações de Raúl Danda aconteceram esta semana em Saurimo, província da Lunda Sul, durante as jornadas parlamentares da UNITA, nas quais os deputados do maior partido da oposição estiveram a debater a estratégia a adoptar na acção política durante o ano parlamentar 2014/2015, que abre quarta-feira, dia 15.
A corrupção, a transmissão de debates no parlamento, o crescimento económico de Angola e casos de intolerância política foram, entre outros, os temas debatidos nas IV jornadas parlamentares da UNITA.
A UNITA prometeu para a próxima sessão legislativa um ano de exigência, esperando que as acções parlamentares sejam invariavelmente transmitidas aos angolanos, em directo, pela Televisão Pública de Angola, de modo a que os angolanos possam acompanhar de perto o que fazem os seus representantes na Assembleia Nacional.
De acordo com o principal partido da oposição, no próximo ano legislativo, o Presidente da República deve declarar quando é que os angolanos vão ver institucionalizado o poder local, em geral, e as autarquias locais, em particular, para o cumprimento da Constituição de Angola, aprovada em 2010.
Neste âmbito, o grupo parlamentar da UNITA voltará a propor aos seus colegas do MPLA a discussão do conteúdo da Lei Orgânica sobre a organização e o funcionamento do poder local.
A UNITA revelou que o MPLA tem rejeitado o projecto de lei liminarmente, sob alegação de inconstitucionalidades que nunca existiram.
No próximo ano legislativo os ‘maninhos’ vão pedir ainda aos partidos com assento no parlamento para, em conjunto, definirem um salário mínimo compatível com o que Angola pode oferecer aos seus cidadãos.
As IV jornadas decorreram sob o tema «Para a UNITA a Nacionalidade é Sagrada». A esse respeito, Danda defendeu que a nacionalidade assumida com responsabilidade implica ser possuidor de um espírito patriótico que leva a agir e pensar com dignidade e fraternidade.
“A nacionalidade é sagrada, porque a UNITA entende que este portentoso país é pertença única de angolanos”, frisou.
Lamentou que “hoje, em vários pontos de Angola, se viva um ambiente de intolerância política, em completa dissonância com a tão propalada necessidade de reconciliação nacional”.
“Os assassinatos de angolanos, a discriminação no acesso ao emprego, aos créditos bancários, às oportunidades de negócios, à saúde, entre outros problemas, são sintomas de estarmos ainda numa situação em que prevalece a lei do cartão membro”, denunciou.
Segundo o político, “até o acesso ao adubo em Angola se faz ainda com o cartão de membro”.
Danda criticou o comportamento do governador do Bié, Álvaro de Boavida Neto, que incentivava os militantes do MPLA a baterem nos da UNITA.
“Há poucos dias, quem quis pôde ouvir da boca do governador do Bié, as mais ignóbeis atrocidades.
O irmão Boavida Neto confessava que os militantes do seu partido batem na UNITA e que o vão fazer muitas outras vezes se assim o entenderem”, criticou.
Para Raul Danda, “essa atitude demonstra claramente que a democracia multipartidária é algo que ainda não faz parte do dicionário” daquele representante do governo.
“Coisas dessas, ditas àquele nível, serão casos isolados ou orientações superiores”, interrogou o deputado.
Raul Danda é de opinião que “os angolanos podem viver em paz, em harmonia e reconciliados. Basta apenas que haja vontade política para encontrarem caminhos para a prossecução de tal desiderato”.
“Em qualquer parte do mundo Boavida Neto teria sido exonerado logo após ter feito aquele triste pronunciamento, pois não terá sido para isso que o titular do poder executivo o nomeou para aquele cargo”, frisou Danda, saudando a governadora da Lunda Sul, que recebeu a delegação da UNITA com alegria.
“Aproveitamos o ensejo para encorajarmos as autoridades da Lunda Sul, na pessoa da senhora governadora, que nos recebeu fraternalmente e nunca seguiu aquele triste exemplo de Boavida Neto”, expressou.
NJ