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Sábado, 24 Novembro 2018 11:58

"Os empresários portugueses devem fazer as malas e ir para Angola... em força"

Foi assim que o Presidente de Angola descreveu o modo como os portugueses de pequenas e médias empresas podem idealmente concretizar as medidas apontadas nos encontros que aconteceram nos últimos três dias. A visita oficial de João Lourenço termina este sábado

“Não há crise política em Angola”, respondeu João Lourenço quando lhe foi pedido que comentasse o tweet publicado ontem, sexta-feira, por Isabel dos Santos, filha do seu antecessor na presidência, José Eduardo dos Santos, que alertava para a profunda crise angolana.

Já quase de regresso a Angola no final de três dias de visita de Estado, o Presidente angolano falou aos órgãos de comunicação social portugueses no início da tarde deste sábado num hotel de Lisboa.

“Os empresários portugueses devem fazer as malas e ir para Angola… em força”. João Lourenço afirmou não gostar de usar aquela expressão por razões históricas, mas não resistiu e empregou-a como a mais adequada para clarificar o que espera de Portugal.

À pergunta colocada pelo Expresso sobre como seria a participação ideal de Lisboa na “execução do caderno de encargos claro que o PR de Angola deixou ao país”, segundo a declaração, na véspera, do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, [“O Presidente de Angola deixou-nos um caderno de encargos muito claro. E nós temos todas as condições de participar na sua execução”], Lourenço respondeu: “Nós gostaríamos de ver os empresários portugueses em Angola sobretudo os empresários das pequenas e médias empresas e de praticamente todos os ramos da economia, da agricultura, pescas, turismo, das várias indústrias… Se Portugal fizer isso, Angola agradece”.

Para o Presidente angolano, as relações entre os dois países são agora “muito boas”, ainda que tenha resistido ao desafio de classificar com nota 10, que significaria o Excelente, e para o qual Portugal e Angola “estão a caminhar”. O próximo momento para cimentar os avanços feitos em Lisboa será a visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Angola, em março de 2019, conforme o Expresso avançou.

Ao longo de todos os momentos em que fez declarações públicas, João Lourenço escusou-se a comentar a política interna angolana e a particularizar em detalhe o futuro da relação do seu Governo com empresários angolanos, em particular, quanto ao futuro das relações com Isabel dos Santos. Neste sábado, Lourenço repetiu: quanto a Isabel dos Santos, “não tenho explicações a dar, obrigado!”.

Sem mais obstáculos às relações entre Portugal e Angola, o PR angolano disse ser prematuro comentar o modo como o Governo português prometeu apoiar o processo de repatriamento de capitais iniciado por Angola: “É cedo para dizer quais serão os passos anunciados ontem pelo primeiro-ministro António Costa. Ele disse que há predisposição por parte das autoridades portuguesas de colaborem no processo de repatriamento, para nós é muito bom. Em diálogo, as autoridades portuguesas e angolanas encontrarão a melhor forma de o fazer”.

João Lourenço frisou a unidade que o seu país vive num segundo momento da entrevista coletiva organizada pela embaixada de Angola com a RTP, Diário de Notícias, TSF, Público, Rádio Renascença, SIC, TVI, Lusa, Expresso, Jornal de Negócios e RDP.

“O que é importante é ser angolano. Ter nascido no Lobito não me dá nenhum privilégio especial”, declarou o chefe de Estado quando Ulika Paixão Franco, uma órfã do 27 de maio de 1977, que se lhe dirigiu enquanto umbundu, etnia que partilha com o Presidente, perguntou o que tenciona o Governo angolano fazer em relação a “essa ferida”. O PR aceitou ouvi-la mais tarde, classificando o caso um “dossier delicado” sobre o qual anteriores governos angolanos já tinham agido.

Fechando o programa durante o qual visitou logo pela manhã a Base Naval e o Alfeite, João Lourenço almoçou com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa em Belém.

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