Segundo o diário O País, que cita um comunicado que lhe foi enviado pelos familiares de "Ben Ben", a decisão de repatriar os restos mortais surgiu na sequência de um pedido do líder da UNITA, Isaías Samakuva, ao Presidente angolano, João Lourenço, que, por sua vez, contactou o homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, que deu "luz verde" à exumação.
O corpo do então vice-chefe do Estado-Maior das FALA, exército liderado na altura por Jonas Savimbi, o presidente da União nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) morto em 2002, estava sepultado no cemitério de Zandfontein, em Pretória.
Por ter sido morto em combate, a 19 de outubro de 1998, no conflito que opôs o exército do Governo angolano à UNITA, as autoridades sul-africanas de então decidiram embalsamar o corpo de Arlindo Chenda Pena "Ben Ben" e lacrá-lo numa urna própria para que, a qualquer momento a família pudesse reclamar o repatriamento para Angola.
"Agradecemos antecipadamente a todos os que se predispuserem acompanhar na efetivação de levarmos o nosso filho, irmão, pai, avô, companheiro, colega e comandante à sua última morada para o repouso eterno", lê-se no documento da família, citado pelo jornal angolano.
Os pormenores da cerimónia fúnebre serão conhecidos em breve, acrescenta-se no documento.
Antes de ser repatriado para Luanda, o general "Ben Ben" será alvo de uma homenagem militar no aeroporto de Wakloof, em Pretória, de acordo com as normas protocolares do Estado sul-africano quando está envolvido o corpo de uma alta patente militar.
Após a independência, em 1975, consumada depois de 11 anos de guerra contra o exército português, Angola entrou numa escalada de violência que se prolongou num conflito militar e numa guerra civil que só terminou em 2002 com a morte do então líder da UNITA, Jonas Savimbi, cujo corpo está.
A UNITA, aliás, tem também em curso o processo de exumação do corpo de Savimbi, morto em combate após uma perseguição das forças armadas angolanas a 22 de fevereiro de 2002 próximo de Lucusse, na província do Moxico, onde os seus restos mortais permanecem sepultados, à guarda do Estado angolano.
A 14 de agosto último, e na sequência de novo pedido de Samakuva, o Presidente de Angola, João Loureço, assumiu o empenho pessoal no processo de exumação dos restos mortais do antigo líder da UNITA, nascido a 03 de agosto de 1934, no Munhango, a comuna fronteiriça entre as províncias do Bié e Moxico.
Segundo João Lourenço, o processo deverá estar concluído até ao final do ano.