Segunda, 06 de Mai de 2024
Follow Us

Domingo, 16 Agosto 2020 19:44

Um exemplo claro de que África não produz líderes, produz vingadores

Estamos no ex – Congo Belga liderado por Lumumba. A liderança de Lumumba impunha um desagrado aos colonialistas belgas, desde logo, os colonialista precipitaram divisões étnicas nesta região geográfica. Desde logo, Lumumba, no começo do ano de 1959 instalou neste País uma série de protestos civis solicitando a independência total do ex – Congo Belga, tais protestos realizados em Leopoldville forçaram os colonialistas à uma independência pacífica sem a imposição de nenhuma força.

Desde logo, o Governo Belga chamou ao socorro de um acto eleitoral para uma duração de cinco anos para a transição e independência. Para o Partido MNC de Lumumba, tal gesto foi visto como uma tentativa de perpetuar o imperialismo ocidental ao escolher governantes da sua laia para os substituir no poder, desde logo, desenvolveram planos para boicotar as eleições. Desde então, Lumumba pôs – se à liderar uma nova onda de manifestações civis, instalando uma desordem popular por variados lugares do ex – Congo Belga.

No entanto, ao 30 de Outubro de 1959, Lumumba foi preso após um acto político em Stanleyville, tendo ocorrido a morte de 30 manifestantes. O pai de João Lourenço, fazia parte de um dos activistas políticos da organização política de Lumumba, nesta mesma época, organizaram uma saída clandestina, fugindo da perseguição política que era alvo em Katanga, tendo deslocado – se para Angola.

 Vindo do Congo Democrático, os pais de JLO estacionaram numa primeira fase, no sul de Angola, no Bié, dela, exercitaram variadas funções, uma das quais era a de contratados dos caminhos de Ferro de Benguela, mais tarde, foi em Benguela onde encontraram um lugar para colocar – se à viver,de forma definitiva. Nesta altura, Lourenço, era um maroto de menos de 15 anos de idade.

João Lourenço, não é natural de Lobito, nem sequer terá nascido em nenhum lugar de Angola. O cidadão João Manuel Gonçalves Lourenço nasceu ao 5 de Março de 1954 na cidade de Katanga, na República Democrática do Congo. É descendente de dois congolenses, Sequeira João Lourenço e Josefa Gonçalves Cipriano Lourenço que emigraram para Angola fugindo dos conflitos que desembocavam naquele País apôs Lumumba ter - se revoltado contra os belgas. 

Aos 17 anos de idade, João Lourenço pôs – se à exercitar a tarefa de revolucionário nas forças “Tigres”, vulgo Catangueses, mais tarde sob um acordo realizado pelo então ex – Presidente António Agostinho Neto com o exército catangues, uma franja deste exército passou à integrar as extintas EPLAS, tendo na conjuntura um militar denominado João Lourenço. Na EPLA, JLO realizou a primeira instrução político – militar no Centro de Instrução Revolucionária – CIR Kalunga – no Congo Brazzaville. Em 1974 foi enviado na primeira operação militar em território angolano em Micongo cujo objectivo era atingir Cabinda.

Em vésperas da Independência, participaram dos combates na fronteira do N’Tó/Yema contra a coligação FNLA/Exército Zairense, que derrotaram, e a partir do morro do Tchizo em Cabinda contra a unidade da FNLA que se encontrava nas margens do rio Lucola à entrada da cidade. Depois da independência, JLO passa à variados escalões militares das FAPLAS, exerceu funções de Comissário Político em diversos escalões, pelotão, batalhão a brigada e comissário da 2ª Região Político-Militar Cabinda, em 1977/78.

No final de 1978 JLO ganhou uma bolsa de estudo militar para Rússia (de recordar que, nesta altura JLO tinha apenas terminado a quarta classe colonial, não tinha mais formação académica além desta formação). Permaneceu na União Soviética de 1978 a 1982 na Academia Superior Lénine de onde, realizou formação militar, JLO não terá realizado formação superior em história, nem sequer mestrado em história, porque nesta altura possuía unicamente a quarta classe colonial, o que JLO terá realizado na Rússia são cursos técnicos militares.

A trajectória de JLO foi iluminada por JES, tendo sido retirado das FAPLAS para o exercício político no MPLA, por José Eduardo dos Santos, e desenvolvido variadas funções no Estado e no MPLA. Em 2014, após um estudo minucioso, JES passou a apontar JLO como o único substituto do seu poder, tendo sido contestado por variados membros integrantes do MPLA.

Face a contestação que era alvo, JES impôs que o MPLA viesse a aceitar JLO; para tal, teve de entrar em conexão com Vladmir Putin que por meio de uma videoconferência com o núcleo duro do MPLA passou a apresentar as razões que levaram dos Santos a colocar JLO como o seu único substituto.

A ironia deste destino, reside no facto mediante o qual, JLO se transformou num verdadeiro vingador, que quer pagar o mal pelo mal contra o homem que fez tudo para que o viesse substituir no MPLA e na República. A prisão ao filho – varão e a perseguição à Isabel dos Santos são dos vários exemplos de como JLO se transformou de um escolhido de JES à um autêntico vingador.

Por Amadeu Baltazar Rafael

Rate this item
(1 Vote)