O quadro macroeconómico continua desfavorável para a actividade empresarial no País, mas os gestores contactados pelo Expansão estão mais confiantes quanto ao futuro devido sobretudo à maior disponibilidade de divisas. As limitações ainda são notórias, mas com o aumento da oferta de cambiais pelo Banco Nacional de Angola (BNA) os empresários sentem-se menos pressionados. Ainda assim, José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola, considera que o BNA tem de abrir mais o leque para equilibrar o mercado.
Isto pode permitir dois ganhos importantes para a economia, previsibilidade, mesmo que condicionada, e transversalidade, em que todos importem mas à medida das suas necessidades. Falando das carências cambiais, João Macedo da Agrolíder considera que, com a cotação do barril de petróleo nos 50 USD, o mercado vai estabilizar. “Os tempos dfifíceis já passaram“, garante. “Espero que o mercado ofereça oportunidades competitivas para as empresas dos diferentes sectores”, acrescenta, salientando que “o momento de crise deve servir para olhar para outras oportunidades.”
Sobre a sua actividade em concreto, João Macedo, reconhece que o sector agrícola deu um salto muito grande em termos de consolidação de negócios. Contudo, fazer agricultura ainda é muito caro, por falta de infra-estruturas. Em termos financeiros, revela que teve que optar pela contenção sem descurar a carteira de investimentos, por ser um sector estratégico para um País.
Rui santos, PCA da Sistec, empresa que comercializa produtos de tecnologias de informação e comunicação, afirma que o que são dificuldades para uns são oportunidades para outros. “Estamos acima de tudo a tentar fazer com que a situação actual do País constitua uma oportunidade para nós. Está muito complicado mas acho que vamos conseguir”, confia. Quanto aos cambiais, o maior constrangimento para os empresários, o gestor afirma:“Tínhamos um stock razoável, que nos permitiu enfrentar os últimos 18 meses com algum conforto”.
A situação nos últimos meses tende a melhorar no que diz respeito às importações, mas ainda há carência de consumíveis”, acrescenta. Do ponto de vista financeiro, o empresáriogarante que a Sistec sempre funcionou com fundos próprios e isso deu-lhe vantagens “pois não temos dívidas”. Apesar da estabilidade da empresa, explica que teve de fazer um plano de contingência e isso está a conseguir a segurar a empresa. É que “as vendas da Sistec reduziram-se em cerca de 50%”.
“No sector tecnológico fecharam já muitas empresas simplesmente porque viviam das importação e venda e não conseguiram manter-se a funcionar”, disse. “De momento aSistec está focada em dois aspectos: Evitar despedimentos e conservar o património”, concluiu .
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