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Quinta, 06 Novembro 2025 15:32

UNITA nota ausência do Governo no Congresso da Reconciliação e diz que Angola não está reconciliada

O presidente da UNITA estranhou hoje a ausência do Governo no Congresso Nacional da Reconciliação, que decorre em Luanda, afirmando que "Angola não está reconciliada" e que o país "não corresponde aos sonhos" de uma nação inclusiva e justa.

"O país que temos hoje não corresponde aos nossos sonhos, como vocês sabem, e eu tenho a expectativa de, saídos daqui, podermos efetivamente melhorar o quadro daquilo que é o país real", disse Adalberto Costa Júnior à margem do congresso promovido pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

O dirigente destacou a disponibilidade do maior partido da oposição angolana em contribuir para os debates defendendo também que é "necessário que o Governo seja um partícipe absoluto e que quem também dirige este espaço de governação se envolva profundamente na busca do desiderato de uma melhor Angola, que é aquela que nós todos pretendemos".

O congresso da CEAST, que pretende promover um "conjunto de compromissos" para a construção de uma nova Angola baseada na reconciliação, foi acolhido por muitos e não compreendido por alguns", segundo o presidente da conferência, Dom José Manuel Imbamba.

Entre os participantes estão deputados de todos os grupos parlamentares, analistas, ativistas, religiosos, autoridades tradicionais e membros da sociedade civil,mas foi notada a ausência de representantes do Governo.

O Presidente da República, João Lourenço, tinha inicialmente confirmado presença, mas mais tarde manifestou indisponibilidade por razões de calendário, tendo participado esta manhã na cerimónia de condecorações no âmbito das comemorações dos 50 anos da independência, tema também central do congresso.

Sobre a coincidência de sobrepor a entrega das medalhas de reconhecimento aos Pais da Nação ao congresso da reconciliação, Adalberto Costa Júnior considerou "de mau gosto", afirmando que "o percurso ainda é longo" e "denota que o alinhamento para a reconciliação não é ainda o perfeito e o ideal".

O líder da oposição disse não ter ficado indiferente à ausência do Executivo no congresso, sublinhando que "não esperava" e este era um "ato de convite ao diálogo".

Ninguém está aqui com nenhum machado sobre o pescoço. É um desafio a uma construção de uma melhor Angola. Estou admirado (...) eu espero que ainda venham e que participem", declarou.

Questionado sobre o estado da reconciliação nacional, Adalberto Costa Júnior foi categórico: "Angola não está reconciliada, infelizmente. Nós iniciámos este processo com o fim da guerra, em 2002. Tivemos um mecanismo que tratou das questões da implementação dos Acordos de Paz e dos pendentes da Reconciliação Nacional. Em 2008 foi extinto, com três páginas ainda pendentes. Estas três páginas continuam até hoje por cumprir".

Em causa está, por exemplo, a inclusão dos ex-militares e dos antigos combatentes que deixou também de fora "muita viúva, muito órfão, ainda hoje não reconhecidos neste processo".

Adalberto Costa Júnior criticou ainda a "polémica desnecessária" em torno da atribuição das condecorações aos pais da nação, Jonas Savimbi (fundador da UNITA) e Holden Roberto (fundador da FNLA)

"Eles fizeram a sua luta ontem e proporcionaram-nos a oportunidade de aqui nos encontrarmos hoje e eu penso que foi muito, muito desnecessário andarmos num adiamento da genuína atribuição de mérito a quem tudo fez para que Angola se tornasse independente", afirmou.

Questionado sobre a presença da UNITA nas cerimónias oficiais dos 50 anos da independência, escusou-se a confirmar. "Vai ser difícil, vai haver aqui uma necessidade de cada um olhar para a sua própria consciência.

Há dois tipos de realidades em confronto: aquela de querermos fazer parte e de querermos dar uma imagem de participação de um país que é de nós todos, e aquela outra que nos traz um país de injustiças, de muita pobreza e de muita exclusão, um país que faz mais festas do que se preocupa com o combate à pobreza e à exclusão", disse.

Adalberto Costa Júnior adiantou que o Comité Permanente da UNITA debateu esta matéria "complexa" sem obter uma posição de consenso.

"Porque não há um reconhecimento por parte de quem dirige de que estamos num momento da reconciliação. Estamos nos 50 anos da inclusão, nós não estamos ainda nos 50 anos da democracia", acrescentou.

Apesar das críticas, o líder da oposição assegurou que a UNITA "acredita na importância do diálogo" e continuará a "fazer parte de tudo o que contribua para a construção de uma melhor Angola".

O líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior sublinhou ainda a importância de o encontro "incentivar o diálogo" e maior sensibilidade "nos aspetos de uma justiça que funcione, nos aspetos das liberdades fundamentais respeitadas, nos aspetos de uma melhor governação e de uma melhor interação da inclusão do todo nacional", afirmou.

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